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O estranho caso da Yupido

Uma empresa que vale 29 milhões de euros, com o maior capital social de Portugal, nada produz. O Ministério Público arquivou hoje o caso Yupido, que desde 2017 é uma das 12 maiores empresas do país, mas que em toda a sua existência não lançou um único serviço ou produto.

Uma empresa que vale 29 milhões de euros, com o maior capital social de Portugal, nada produz. O Ministério Público arquivou hoje o caso Yupido, que desde 2017 é uma das 12 maiores empresas do país, mas que em toda a sua existência não lançou um único serviço ou produto.

Com um capital social de 29 milhões de euros, a Yupido é oficialmente uma “plataforma digital inovadora de armazenamento, proteção, distribuição e divulgação de todo o tipo de conteúdo media”, segundo documentos oficiais. Em 2017 a empresa foi avaliada como uma das 12 maiores do país e anunciou que lançaria o seu primeiro serviço em 2018, argumentando também que a empresa iria contratar cerca de 106 pessoas, além de registar 42 patentes. Mas nada aconteceu e a Yupido continuou sem apresentar qualquer tipo de atividade. Foi aberto ainda em 2017 um inquérito pelo Ministério Público.

Um dos fundadores da Yupido, Torcato Jorge, declarou à SIC no início de 2019 que “O nosso capital social podia ser igual ao PIB português que isso não era crime”. A Yupido é uma empresa fundada em 2015, sediada nas Torres de Lisboa e liderada por Hugo Martins. A empresa conta com três fundadores que ainda mantém cargos na Yupido, sendo eles Torcato Jorge, Claúdia Alves e Felipe Besugo. O capital da empresa estád istribuido pelos três, com  69,9%, 29,13% e 0,96% respetivamente.

Durante dois anos foi feita uma investigação esta empresa “fantasma”, que acaba agora arquivada pelo Ministério Público, sem qualquer constituição de arguidos. O capital social da Yupido é maior que a soma do capital social das outras 12 maiores empresas do país, que faz levantar muitas dúvidas sobre a legalidade desta empresa. O responsável por esta avaliação em 2017 foi António Alves da Silva, revisor oficial de contas (ROC), com mais de 50 anos de experiência na área. A avaliação levantou sérias dúvidas por parte da CMVM e da Ordem da ROC, que suspendeu por dois anos o revisor.

Com a investigação inconclusiva, a Yupido não sofrerá quaisquer consequências em relação a este caso e manterá o valor atual do seu capital social.