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“O desafio já não é a tecnologia. É a gestão de informação.”

Pioneira no uso da tecnologia BIM em Portugal, a BIMMS é uma empresa que dá resposta na área da implementação, projeto e coordenação de projetos, assim como preparação de obra. Através desta metodologia “prioriza a troca de informação constante numa única plataforma”.

“A BIMMS é uma empresa ligada à metodologia BIM”. Francisco Reis, engenheiro e um dos sócios da empresa, não deixa margem para dúvidas e esclarece: “esta metodologia consegue unificar tudo o que é informação numa industria que, por si só, é extremamente complexa. Temos sempre vários intervenientes, com formas de pensar e trabalhar diferentes e, agora, o resultado do seu trabalho materializa-se em documentos escritos e desenhados”. O principal objetivo do BIM é, então, “organizar a informação com potencial de visualização 3D. Quando estamos a desenhar em 2D temos várias plantas e cortes, e cada pessoa interpreta o seu 3D no campo da imaginação. Com a metodologia BIM, poupa-se este processo e liberta-se espaço para ver outros pormenores e potenciar o projeto, quer no estudo da coordenação, execução, otimização e, principalmemte, no seu controlo de gestão”.

A BIMMS foi, em Portugal, pioneira a utilizar esta metodologia. “Quando em 2006 comecei a falar disto era um choque e as pessoas não entendiam. Ultimamente têm surgido muitas conferências sobre esta temática assim como os donos de obra têm exigido BIM nos seus empreendimentos.”

E foi há exatamente cinco anos que Francisco Reis e os seus sócios perceberam que o BIM tinha “um grande potencial, porque melhorava a performance a acrescentava valor ao seu trabalho” e decidiram fundar a sua própria empresa. Desde então já participaram em mais de 60 projetos na sua fase de execução e têm no currículo projetos audaciosos. “O nosso primeiro projeto foi o MATT, em Lisboa. A EDP entendeu que devia usar o BIM no desenvolvimento do projeto, já em fase da obra, até pela existência de peças especiais que tinham de ser modeladas”. Francisco Reis avança que este foi “um grande desafio” para a BIMMS, mas que “abriu um novo leque de oportunidades”. Como, por exemplo, a oportunidade de participarem num projeto e coordenação num hotel no Sri Lanka. “Foi o maior projeto desenvolvido em Portugal para fora. Um hotel 6 estrelas, com duas torres de habitação, uma de escritórios, um shopping e uma edifício de conferências”. Francisco Reis reconhece que foi um projeto “muito complexo”, mas mostra orgulho em saber que envolveu “equipas de engenharia e arquitetura portuguesas”. Nesse projeto, a BIMMS esteve um ano e meio “a desenvolver os modelos BIM assim como a apoiar a coordenação como parte da equipa de gestão de projeto. Foi uma experiência extraordinária”. Para a BIMMS esta oportunidade foi um descobrir de uma nova oportunidade de negócio. “Nós descobrimos uma fase interessante entre o projeto e a obra, enquanto facilitadores do processo. Uma zona que era de ninguém”. Por isso, a BIMMS aposta cada vez mais na fase entre o projeto e a conceção de obra, e na parte da gestão e operação do edifício, onde claramente o potencial da tecnologia é enorme.

Para Francisco Reis, a metodologia BIM distingue-se das demais por “mudar o paradigma otimizando processos de trabalho. Através da modelação, podemos ver a construção virtual do que pretendemos executar tendo acesso a todas as informações. Isso permite que durante o processo se possa tomar decisões operacionais ou de gestão, baseadas sempre em informação atualizada em tempo real”.

Na BIMMS existem dois objetivos principais. Por um lado, “queremos fazer crescer o mercado e, por outro, chegar a um ponto de inovação diferenciador”. Neste momento, a empresa está a desenvolver vários projetos de elevada complexidade onde as exigência BIM estão ao mais alto nivel, a nivel mundial.

Por agora, a BIMMS tem 95 por cento de faturação associada a mercados internacionais, mas o objetivo é “a curto prazo aumentar para 15 por cento a faturação em Portugal. Nós somos portugueses e gostávamos de crescer também cá dentro”. No entanto, Francisco Reis sabe que ainda é um caminho longo. “Em Portugal, só 10 por cento da indústria trabalha com esta metodologia”. Contudo, não tem dúvidas de que a sua empresa “é líder. Não sei se em números, mas em projetos e inovação com certeza”. A BIMMS está também fortemente ligada ao ensino da engenharia e da arquitetura o que constitui uma vantagem no que diz respeito ao estar a par das inovações.

“Isto é um processo, uma forma de estar.” Francisco Reis não tem dúvidas de que, “apesar de estar tudo ligado às ferramentas informáticas, o BIM vai para lá da tecnologia. Naturalmente temos de acompanhar os softwares que vão sendo lançados, mas na verdade o desafio maior não é a tecnologia. Nós queremos estar à frente. Somos exigentes com a tecnologia, por isso apostamos internamente num equipa de programadores que desenvolve software para consumo interno e também, a curto prazo, para oferecer ao mercado outras soluções integradas para o uso da tecnologia”. Numa indústria em que “toda a gente depende de toda a gente”, uma plataforma que “reúne a informação, a coloca numa nuvem e permite que, cada um no seu escritório, se mantenha permanentemente em comunicação, é indispensável”