Gastronomia | Vinhos

Uma viagem de Cucujães ao Alentejo

A Tasquinha Alentejana é a casa de Pedro Nobre, um forcado de Évora que trouxe às costas as memórias do Alentejo, juntou uma panóplia de carnes exóticas e criou um espaço aconchegante. Para relembrar sabores ou descobrir outros, este é o sítio ideal.

Escondida na vila de Cucujães, em Oliveira de Azeméis, está a Tasquinha Alentejana, uma simples casa de habitação para quem olha da estrada, mas um mundo repleto de maravilhosa gastronomia alentejana e carnes exóticas para quem se atreve a entrar.

“Desde de pequenino gosto de cozinhar e costumava fazer os petiscos para a malta”, começa por contar Pedro Nobre. Quando veio para Cucujães vendia ração para animais, mas o negócio não corria da melhor forma. Certo dia ia a passar na rua e viu um espaço para alugar. Não pensou duas vezes e partiu na aventura. “Pensei vou começar a vender uns presuntos, queijos, paios e vinhos lá de baixo”, recorda.

Assim, abriu o seu primeiro negócio na área dos petiscos, que servia sobretudo pratos do dia e pequenas refeições. Como a pilha de louça que se acumulava na bancada de um espaço demasiado pequeno para servir tantos clientes, também se acumulava a vontade de crescer e apostar num projeto maior. Tudo se ligou e assim nasceu a Tasquinha Alentejana à imagem de Pedro. “Aqui cada cantinho tem um bocadinho de mim”, explica enquanto aponta para o espaço cuidadosamente decorado.

As paredes de pedra estão preenchidas de cima a baixo por memórias da vida de Pedro e do longo caminho que fez para chegar até Cucujães. São recordações de tourada dos tempos em que era forcado. “Trouxe para aqui as minhas origens”, começas por explicar. “Como sou alentejano, gosto muito de caça e pesca. Como fui forcado também trouxe algumas das recordações desses tempos como fotografias minhas e de amigos”, conclui..

À mesa servem-se carnes preparadas de forma simples de modo a que o seu sabor seja o que mais se destaca no prato. “Primo pela simplicidade o que acho que enriquece muito aquilo que cozinho. Faço tudo sem caldas, sem temperos, apenas com sal, azeite e alho”, explica Pedro, acrescentado que “além disso, o que também é importante é o saber grelhar”. Os pratos grelhados são sempre acompanhados com migas de espargos ou de grelos que agora estão na época e remetem para a costela alentejana da casa.

Ao almoço também se servem refeições na Tasquinha Alentejana. Criações que variam consoante a inspiração do cozinheiro e fundador da Tasquinha Alentejana que garantem a possibilidade de um almoço de qualidade e variado A gestão da cozinha é muito simples, é confecionada

uma determinada quantidade de comida e quando terminar não se serve mais. Desta forma, não há comida congelada nem comida de dias anteriores, o que garante sempre a frescura e qualidade do que aqui se come.

Além das iguarias alentejanas, na Tasquinha Alentejana também se pode deliciar com carnes exóticas. Canguru, bisonte, zebra, camelo ou até mesmo cobra são algumas das carnes que pode saborear.

Também estas carnes são confeccionadas de modo a que o seu sabor seja o predominante no prato e por isso privelegia-se o grelhado e aposta-se no sal para tempero. Porém, a carne não o permite e, por vezes, exige outro tratamento. É o caso da carne de cobra que pela sua textura elástica sobressai melhor panada depois de mergulhada numa calda de limão e água com toque de caril e coentros.

O elevado preço da carne exótica faz com que estes pratos só estejam disponíveis mediante encomenda, mas ainda assim é possível experimentar alguns às sextas e sábados. Para quem não se quer comprometer com uma dose sem primeiro saber se gosta, existe solução.

O anfitrião da Tasquinha Alentejana propõem-se a estruturar uma dose mais pequena de forma a que os clientes possam experimentar a carne antes de avançarem para uma dose completa. “Imaginemos que o pessoal não gosta do que pede. Eu tento ajustar a dose ao cliente e se o cliente quiser mais sirvo mais. Faço espetadas pequeninas com quatro ou cinco pedaços de carne para ser possível provar”, explica.

A orientação para o cliente não fica por aqui visto Pedro não ser o comum dono de restaurante e preocupar-se em acompanhar os clientes desde que entram na casa até terminarem a refeição. “Faço tudo aqui dentro. Vou à mesa explicar aos clientes quais as carnes que tenho e levo a travessa à mesa”, descreve.

Aqui valoriza-se a proximidade com o cliente e talvez isso explique a confiança que alguns regulares da casa depositam em Pedro. Muitos chegam e dizem: “Oh Pedro, traz o que tu quiseres”. É o sítio onde aparece que quem gosta de comer bem, por isso não deixe escapar a oportunidade de viajar de Cucujães ao Alentejo, saltando por alguns pontos mais exóticos.