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COVID-19: Porque há tão poucos mortos na Alemanha?

Unsplash/ Bram.

Com uma quantidade notável de doentes e uma taxa de letalidade extremamente baixa, a Alemanha representa uma exceção diante da epidemia do novo coronavírus.

Esta sexta-feira a Alemanha regista oficialmente 19.711 casos de infetados pela COVID-19 e apenas 53 vitimas mortais. Estes números fixam atualmente a taxa de mortalidade da doença no país em 0,22% e dão que pensar quando comparados com os números de outros países, como a China ou a Espanha, por exemplo, onde a taxa se fixou nos 4%, na França com 2,9% na França ou no caso trágico de Itália com 8,3%.

Richard Pebody, responsável da Organização Mundial da Saúde (OMS) admitiu, quando confrontado com estes dados, que “é algo difícil de desvendar […] Não temos resposta e é provavelmente uma combinação de vários fatores”.

Essas são algumas das hipóteses dos especialistas:

Melhores equipamentos médicos

A Alemanha dispõe de 25.000 camas de cuidados intensivos com assistência respiratória. Um número consideravelmente alto quando comparado com o da França, que possui cerca de 7.000 e a Itália, com cerca de 5.000. Perante esta pandemia, o país já anunciou que pretende duplicar este número durante as próximas semanas.

Por esta razão, a assistência médica na Alemanha foi rápida e eficaz e os hospitais não ficaram ainda saturados. No entanto, por si só, este facto não explica os números apresentados, uma vez que os outros países europeus também mobilizaram os seus hospitais de imediato.

Testar atempadamente

“Reconhecemos rápido a doença no país, estamos adiantados em questão de diagnóstico”. Esta é a razão avançada por Christian Drosten, diretor do Instituto de virologia do hospital da Caridade, em Berlim.

Esta rapidez, em conjunto com a rede de laboratórios independentes que existe no país e que esteve sempre ao dispor para realizar os testes, permitiu diagnosticar melhor a doença e colocar em quarentena os casos que apresentavam maior risco. Ao contrário do que acontece em Portugal, por exemplo, na Alemanha qualquer pessoa que apresente sintomas é testada.

Segundo Lothar Wieler, presidente do Instituto Robert Koch, os laboratórios alemães estão a realizar cerca de 160.000 exames de coronavírus por semana – mais do que alguns países europeus realizaram no total desde o início da crise. Superando até mesmo a Coreia do Sul, que realiza 15.000 testes por dia. 

População jovem é a mais afetada 

A taxa de infeção na Alemanha fixou-se sobretudo numa camada mais jovem da população. Quem o explica é o presidente do Instituto Robert Koch (IRK). “Na Alemanha, mais de 70% das pessoas identificadas como infetadas até ao momento possuem entre 20 e 50 anos”. Isto fez com que os casos não fossem tão graves e, por isso, que tenham ocorrido menos mortes. Todavia, a Alemanha teme que o número de casos possa disparar e o cenário possa piorar, já que 25% de sua população tem mais de 60 anos.

Hans-Georg Kräusslich, professor de medicina e chefe de virologia do Hospital Universitário de Heidelberg, destaca ainda a demografia de cada país como condicionante: “Na maioria dos casos, a doença é leve e apresenta poucos sintomas, e assumimos que a detecção de casos leves varia de país para país. país. Em termos estatísticos, isso leva a uma diferença nas taxas de mortalidade de casos”.

Sem testes pós-morte

A última hipóteses que pode explicar a baixa taxa de mortalidade é que na Alemanha não são realizados testes daCOVID-19 pós-morte. Ou seja, isto pode querer dizer que o número real esteja longe dos 20 oficiais, uma vez que podem existir casos em que a pessoa morre em casa, a cumprir ou não quarentena, sem que tenha sido diagnosticada. Ainda assim, o IRK minimizou este fator: “Partimos do pressuposto de que os pacientes são diagnosticados antes de morrer”.

O governo anunciou, ao início da semana, um conjunto de medidas restritivas “sem precedentes”. Esta quinta-feira, a ministra da defesa, Annegret Kramp-Karrenbauer revelou ter convocado militares na reserva para ajudar a combater a propagação do novo coronavírus.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 265 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 11.000 morreram. Das pessoas infetadas, mais de 87.000 recuperaram da doença