Atualidade Covid-19 Notícias

Imunidade de grupo defendida por Boris não é descabida. Veja o caso da Suécia

Na Europa, há um país em contracorrente. Na Suécia as escolas mantêm-se abertas e ninguém fica de quarentena ou isolamento. A estratégia é a imunidade de grupo.

Até agora, a política de confinamento não foi aplicada na Suécia. Enquanto a Europa assiste, todos os dias, ao patrulhamento policial nas ruas de Itália, França ou Espanha, numa tentativa de obrigar todos a ficarem em casa, na Suécia a vida decorre quase na normalidade. Bares e lojas permanecem abertos, assim como a maioria das creches e escolas. Todas as pessoas continuam a ir trabalhar, embora tenha havido recomendações para, a quem for possível, o fazer a partir de casa. A única restrição é a proibição de reuniões ou encontros com mais de 500 pessoas.

O argumento utilizado para manter-se as escolas abertas é o facto de os jovens revelarem poucas infeções ou poucos problemas quando enfrentam a COVID-19. No entanto, os suecos podem estar a subestimar a capacidade de transmissão para familiares, sobretudo se tivermos em conta os relatos de casos de infetados que não revelaram sintomas.

A estratégia principal passa pela proteção das pessoas mais idosas e de grupos de risco e, depois, ir adotando medidas graduais de resposta à epidemia a partir da sua evolução.

A ideia foi de Boris Johnson e, na altura, duramente criticada, o que levou já o Reino Unido a tomar novas medidas, entre elas o fecho das escolas. Agora, é a Suécia que decidi combater a COVID-19 com a chamada imunidade de grupo.  

O chefe da Agência de Saúde Pública sueca, Johan Carlson, aprecia a maneira como a Suécia está a atacar o vírus. “O país não pode tomar medidas draconianas que têm um impacto limitado na epidemia e que quebram as funções da sociedade”.

Já Joacim Rocklov, epidemologista da Universidade de Umea, alerta: “há o grande risco de a Suécia ir para quarentena quando o sistema de saúde entrar em crise”. E continua. “Eu não vejo em que é que a Suécia seria diferente dos outros países. É uma experiência enorme. Não sabemos, pode funcionar. Mas pode também ir loucamente na direção errada”.

A Suécia adota, assim, a estratégia de “herd-immunity” (imunidade em grupo), em que se prevê a infeção de uma larga percentagem da população para inibir teoricamente a propagação das cadeias de transmissão.

Segundo a agência sueca de Saúde Pública (Folkhälsomyndigheten), a Suécia contabiliza 2 272 casos confirmados do novo coronavírus e 36 mortes. Um total de 115 pessoas estão internadas em unidades de terapia intensiva.