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Tavira: 500 anos de uma cidade que não para de se reinventar

Tavira assinala este ano 500 anos como cidade. Com uma história vastíssima, agora documentada e patente numa exposição, Tavira está pronta para receber todos os que a queiram visitar, contando a sua história e proporcionando uma experiência única, numa cidade ímpar.

Tavira, Comunidade representativa da Dieta Mediterrânica como Património Cultural e Imaterial da Unesco, assinala, este ano, os 500 anos da sua existência. O nome da cidade de Tavira, vem do Árabe “at-Tabira”, com a grafia Tabila e data do domínio árabe sobre todo o Algarve. No início do século XII, Tavira era considerada uma pequena povoação, mas o facto ter um castelo conferia-lhe já uma certa importância. Em 1239, D. Paio Peres Correia conquista Tavira aos mouros. Cinco anos mais tarde, em 09 de janeiro de 1244, D. Sancho II doa o castelo de Tavira à Ordem de Santiago e, finalmente, em 1266, Tavira recebe o seu primeiro foral, por D. Afonso III, em agosto, o qual dá à cidade um acrescido desenvolvimento económico e social.

Em 1303, o rei D. Dinis visita Tavira e, constatando a sua relevância estratégica, ordena a reconstrução das muralhas do castelo e a dinamização do Porto de Tavira, aumentando a exportação de produtos como o sal e o peixe. A par do valor comercial, o Porto de Tavira servia também de base naval para apoio à armada, demonstrando o seu papel de destaque na estratégia da época.

Com uma vasta história que merece ser enaltecida, no ano em que se comemora a elevação de Tavira a cidade, o Município tinha planeado para 2020 inúmeras atividades. “A sessão solene devia ter acontecido a 16 de março, data da carta da cidade. Já tínhamos tudo preparado e tivemos de cancelar, por força das circunstâncias”, explica-nos a Presidente Ana Paula Martins. No entanto, não se baixaram os braços e há coisas que continuam a acontecer. “A exposição dos 500 anos que seria inaugurada, nesse dia, no Palácio da Galeria, foi inaugurada, no dia 18 de maio, e já pode ser visitada por todos os tavirenses e turistas”. Para Ana Paula Martins, a preparação destas celebrações foi fundamental para permitir “o estudo e trabalho que ainda não tinha sido feito. Não havia muita documentação, mas todos sabíamos que Tavira tem vários factos históricos que comprovam a sua importância como uma das principais cidades do reino do Algarve”. Ainda a adaptar-se à nova fase que o país e o mundo enfrentam, agora, o Município está “orgulhoso do quão cumpridora foi a população em geral” e não pode deixar de agradecer aos “Bombeiros Municipais, forças de segurança, comércio, IPSS’s e funcionários do Município” por terem permitido que a cidade continuasse a viver e possa apresentar-se, hoje, segura para receber os seus visitantes.

“A região tem tido um número de contágios reduzido atendendo à população residente e, por isso, tenho a certeza que a imagem que passa é de segurança e confiança. Todos os autarcas do Algarve uniram-se para mostrar às pessoas que continuamos a ser um destino seguro e com muito para oferecer”, afirma a Presidente. Questionada sobre o que, neste contexto, pode acontecer, em Tavira, na época de verão, a autarca refere que “Tínhamos na cidade uma programação regular, chamada “Verão em Tavira”, que acontece, na Praça da República. Obviamente, que algumas das rubricas que envolvem mais pessoas não vamos fazer, mas vamos fazer a grande maioria, como, por exemplo os concertos, ao ar livre, em recinto fechado”.

Neste momento, já se iniciaram as atividades previstas “cumprindo todas as normas e recomendações do Ministério da Cultura e da DGS”. E acrescenta “Queremos reavivar a cultura, até porque sabemos que esta área está a viver grandes dificuldades. Em maio e junho, tivemos concertos on-line, para apoiar e manter programação cultural regular”.

Falar de Algarve é falar, também, de praia e, por isso, esta é outra das grandes preocupações da edilidade. “Preparámos a época balnear, a qual sabíamos que iria ser um desafio. Em Tavira, as nossas praias são, praticamente, todas ilhas e o transporte é feito de barco. Está a ser controlada a ocupação nas travessias, assim como os acessos que são estreitos e onde não podem gerar-se aglomerados. É obrigatório o uso de máscara e o distanciamento em fila indiana, controlado por alguns assistentes de praia, que com a Autoridade Marítima, podem vigiar e alertar as pessoas para os comportamentos de risco. Investimos na sinalética e sensibilização para que todas as pessoas se possam sentir seguras e confiantes”, afirma Ana Paula Martins.
Uma das outras preocupações a que a autarquia não consegue ficar indiferente é a questão social que a atual pandemia fez emergir. “Tavira, como a maioria das cidades do Algarve, vive do turismo e da sazonalidade. Sabemos que muitas pessoas perderam o emprego ou as suas atividades. Por isso, o Município já iniciou programas de apoio alimentar e pagamento de pequenas despesas, como renda, água, luz. Este trabalho acontece em parceria com as IPSS do concelho e com grupos de voluntários que surgiram desde logo”. O objetivo é que a rede social funcione e possa dar resposta a todos os casos.

No caso mais concreto da restauração, e até porque Tavira é a comunidade representativa da dieta mediterrânea, foram tomadas algumas medidas de incentivo, como por exemplo a isenção da ocupação de via pública. “Tivemos muito investimento, nos últimos anos, e ganhámos imensos restaurantes de referência. Não podemos deixar que fechem. Estamos também a preparar algumas formas de divulgação e promoção do concelho”.

Por tudo isto, não faltam motivos para visitar Tavira este verão, desfrutar de uma ótima refeição com vista para o mar ou para a ria, passear pelas suas ruas, assistir a um concerto e conhecer um pouco mais da sua história, visitando a exposição ‘A Principal do Reino do Algarve – Tavira nos séculos XV e XVI’.

Esta, realizada com investigação multidisciplinar e fundamentação científica, educativa e didática, procura explicitar, de forma sintética e acessível, as razões políticas, sociais, económicas e sociais que levaram D. Manuel I a elevar Tavira a cidade em março de 1520. A exposição foi realizada com a colaboração e apoio de vários museus, bibliotecas e arquivos portugueses. Nela o visitante poderá conhecer documentação histórica, cartas régias, livros e cartografia antiga, mapas e plantas, objetos de cerâmica, obras de arte dos séculos XV e XVI, instrumentos de navegação e réplicas de naus, uma cota de malha e armamento militar diverso, vestuário da época, reprodução das tapeçarias de Pastrana, entre muitos outros elementos informativos.