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Pandemia aumenta abandono do Ensino Superior

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Os pedidos de bolsa baixaram drasticamente e foram feitos, até 12 de agosto, apenas 19 mil pedidos de renovação. É o valor mais baixo dos últimos quatro anos e indicador do aumento do abandono escolar universitário.

O registo é da Direção-Geral do Ensino Superior, tendo os dados sido revelados pelo ‘Jornal de Notícias’ esta segunda-feira, 17 de agosto. Houve uma descida de cinco mil pedidos de renovação das bolsas para o próximo ano letivo, em relação a 2019. No total foram feitos, até 12 de agosto, apenas 19 mil pedidos de renovação, sendo o número mais baixo dos últimos quatro anos.

Este indicador de que a pandemia vai levar ao aumento do abandono escolar universitário deve ser encarado a par da perda de receitas das universidades. Como houve quebra de quase dois milhões de euros referentes às vendas nas cantinas, bares, residências e instalações desportivas e como estas receitas financiam a Ação Social Universitária, pode não chegar para garantir os apoios de emergência do próximo ano letivo.

Segundo um inquérito feito aos estudantes em junho e revelado pela Federação Académica do Porto (FAP), 18% dos estudantes deslocados e não bolseiros ponderam abandonar os estudos por quebra de rendimentos da família, um valor que é o dobro do reunido entre estudantes bolseiros. Também 64% dos estudantes sem bolsa admitiu dificuldade em pagar o alojamento.

Tudo isto poderá colocar a classe média baixa fora do Ensino Superior. Em declarações à ‘TSF’, Marcos Alves Teixeira, presidente da Federação Académica do Porto, admite-se “preocupado” e “pessimista” face a um eventual abandono do Ensino Superior.

“Num contexto em que já houve mais inscritos no Ensino Superior do que nos outros anos, e num contexto que reconhecemos ser de crise financeira, não é sensato acreditar que esse menor número de bolsas de estudo implique que as pessoas precisam menos”, disse o representante da FAP. “Há pessoas que já nem equacionam retornar ao Ensino Superior no próximo ano, e isso deixa-me muito preocupado.”

O aumento do abandono escolar universitário é uma possibilidade que, na opinião de Marcos Alves Teixeira, só pode ser contrariado com o reforço de verbas da Ação Social (vindo do Orçamento de Estado), inclusive para ajudar quem não está hoje no sistema de bolsas de estudo, mas torna-se necessário encontrar alternativas ao financiamento que caiu com a pandemia.

“Tudo o que envolve os procedimentos relativos à COVID-19 parece ser uma alteração legislativa, e isto é muito importante para os estudantes, já que são os serviços de ação social que acabam por permitir que tenhamos camas acessíveis e refeições a preço social. É importante que esses órgãos não estejam em stress financeiro, para que nos possam fornecer esses serviços”, concluiu.