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Ordem dos Médicos aprova primeiro curso de Medicina no privado

Foto: Site Unsplash.com
Proposta da Universidade Católica Portuguesa foi acreditada pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) por um ano e recebeu o parecer positivo da Ordem dos Médicos.

É uma mudança significativa de paradigma. Desde sempre a Ordem dos Médicos foi contra a abertura de um curso de Medicina no privado, principalmente por causa da degradação da qualidade do ensino e um excesso da oferta formativa pré-graduada que depois não encontra correspondência no acesso à especialidade médica.

Mas agora isso está prestes a mudar. A Ordem deu parecer positivo ao curso de Medicina na Universidade Católica Portuguesa (UCP), que foi acreditado “condicionalmente por um ano” pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES).

O Conselho de Administração da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) comunicou à UCP, a 1 de setembro de 2020, a acreditação do seu Mestrado Integrado em Medicina

Universidade Católica Portuguesa, em comunicado no seu site

“Este curso, que envolve uma parceria com a prestigiada Universidade de Maastricht e o Grupo Luz Saúde, distingue-se dos currículos tradicionais por ter uma abordagem mais prática e integrada desde os primeiros anos”, disse a UCP em comunicado no seu site.

“Contando com um reputado corpo docente nacional e internacional, será o primeiro curso de medicina em Portugal leccionado em Inglês e aberto a estudantes de todo o mundo, com uma metodologia centrada no aluno”, explicam.

Em declarações ao ‘Jornal de Notícias’, o presidente da A3ES, Alberto Amaral, afirmou que “há melhorias a fazer, mas é mais que possível fazê-las no prazo de um ano”. A decisão foi tomada esta semana pelo regulador do ensino superior.

A proposta da Universidade Católica Portuguesa (UCP) – um total de 12 com a mesma pretensão que nos últimos dez anos foram endereçadas à A3ES – foi chumbada em dezembro do ano passado, com um parecer negativo da comissão de avaliação nomeada pela agência e outro da Ordem dos Médicos.

Foram feitas alterações, entretanto, entre as quais “o aumento das unidades de saúde onde os alunos podem estagiar”, como explicou Alberto Amaral.

A Católica garante que o curso “será leccionado em instalações modernas e especificamente concebidas/adaptadas ao nível do mais avançado ensino de medicina que se pratica nas melhores universidades mundiais”.

 “Esta decisão robustece o sistema de Ensino Superior, permitindo que mais jovens se possam formar em Portugal e garantindo a supervisão da qualidade daqueles que praticam medicina no nosso país”, assegurou a reitora da Universidade Católica Portuguesa, Isabel Capeloa Gil.

Avanço ou decisão política?

Opinião diferente tem o reitor da reitor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e presidente do Conselho das Escolas Médicas Portuguesas. À ‘Rádio Observador’, Fausto Pinto lamentou a decisão, que classifica como “uma cedência ao poder político”.

Falando em “proletarização da Medicina”, o responsável acrescentou ainda que a abertura deste primeiro curso na Universidade Católica vai ter consequências: “O ensino no privado vai prejudicar a qualidade da medicina praticada”.

Alberto Amaral, presidente da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, explicou entretanto que a autorização, como “é normal sempre que surge um novo curso”,  é válida pelo período inicial de um ano, findo o qual, se cumpridas todas as regras, deverá ser renovada — dessa feita por mais três anos.

Segundo o jornal ‘Público’, o curso – como é uma instituição privada e não está sujeita ao concurso nacional de acesso, a universidade pode abrir candidaturas em qualquer momento do ano – pode receber alunos já este ano. Por sua vez, o ‘Observador’ diz que “nunca antes de setembro de 2021” é que abrirá as portas.

“Temos a autorização, agora ainda temos de fazer obras e de preparar o edifício, este ano é impossível abrir o curso, estamos a 2 de setembro”, disse António Medina de Almeida, o responsável pelo curso, ao ‘Observador’.

Independentemente da data de início, é certo que o Mestrado Integrado de Medicina será lecionado na UCP de Lisboa. Com esta aprovação, a região de Lisboa passa assim a ter três cursos de Medicina (Universidade de Lisboa, Universidade Nova e UCP).