Mundo Empresarial

União da região alentejana salva Porco Alentejano da extinção

Há quem lhe chame porco preto, mas na região do Alentejo corrige-se imediatamente. É porco alentejano e foi salvo da extinção precisamente pelos esforços que esta região, juntamente com o Agrupamento dos Lavradores Criadores de Porco Alentejano (ALPORC) e a Associação Nacional De Criadores De Porco Alentejano (ANCPA) concretizou.

O risco de extinção foi real e a preocupação que gerou na região do Alentejo levou os decisores locais a salvaguardar a cultura do porco alentejano. Criou-se em Ourique a “capital” do porco alentejano e foi desenvolvido uma fileira em torno deste animal único. No entanto é em Évora que se localiza o
ALPORC.

Depois de 23 anos ao serviço dos criadores de porco alentejano a direção da ANCPA sentiu a necessidade de ter uma maior profissionalização da estrutura comercial. Desta necessidade, nasceu em junho de 2014 o ALPORC com o objetivo de concentrar a oferta e os fatores de produção com vista à melhoria da vantagem comercial das transações.

O agrupamento promove a produção sustentável e a inovação, de forma a obter produtos de qualidade diferenciada e com maior valorização no mercado. O ALPORC garante a comercialização da produção dos seus produtores, promovendo a competitividade e a capacidade de gerar valor a montante do ciclo de produção. Assim, desenvolve serviços de comercialização de porcos com várias classificações representativas do modo de produção: montanheira, salsicharia, reposições e montados.

A raça de Porco Alentejano estava muito ameaçada, com o abandono do setor de muitos produtores que já não encontravam rentabilidade na criação. Deste problema foram criadas várias oportunidades. Desde então desenvolveram-se várias campanhas de valorização e preservação desta raça, recuperando a importância dos produtos de Porco Alentejano para a economia regional. Entre as várias medidas Ourique dedica-lhe anualmente a Feira do Porco Alentejano. Traçou-se ainda a valorização comercial deste produto, através dos constantes esforços do ALPORC.

Neste momento existem cerca de meia centena de explorações ativas na região, que cumprem com os requisitos exigentes na produção deste animal, isto é, criações em montado de azinheiras e sobreiros, em pastagem livre, onde pastam livremente. Acrescem ainda empresas transformadoras, uma delas exportadora para o Brasil, China, Macau e Hong Kong.

O Porco Alentejano, alimentado a bolota, ervas e cereais, é uma raça autóctone caraterística do Oeste e Sudoeste da Península Ibérica, por oposição aos porcos Celtas, com origem nos países nórdicos, que povoavam o Noroeste da Península.

Estes animais chegaram a ter grande importância na alimentação humana em Portugal, em carne fresca e também em enchidos que, mediante vários processos de conservação, permitiam o seu consumo durante todo o ano.

Mas, no final da década de cinquenta, assistiu-se ao declínio das produções em montanheira e à diminuição do número de porcos, que quase provocou o desaparecimento e algumas estirpes, devido a fatores de ordem social, económica, política e sanitária.

As alterações dos hábitos alimentares, exigindo carne com menos gordura e o uso crescente de gorduras vegetais; o êxodo rural, no início dos anos sessenta, levou a um aumento de salários que tornou de alguma forma inviável a manutenção dos montados nos moldes tradicionais e a suinicultura extensiva, conjuntamente com a quebra dos preços dos produtos florestais e a crescente mecanização; surgem também nesta altura vários surtos de Peste Suína que contribuíram ainda mais para o seu desaparecimento.

Com o fim destes surtos, na década de oitenta, e com a ‘reabilitação’ da dieta Mediterrânica começa a surgir um novo interesse nos produtos do
Porco Alentejano e na preservação e melhoramento da raça.

A ANCPA em parceria com ALPORC foi criada em junho de 1991, com a Missão da “Conservação e melhoria da raça através do fomento da produção do suíno alentejano em explorações competitivas integradas num setor regulamentado”. Em 2014 foi criado o Agrupamento de Lavradores Criadores de Porco Alentejano (ALPORC) a quem entregou as tarefas de acompanhamento da produção, bem como a comercialização de porco e de produto transformado, ficando para si com a parte de melhoramento
da raça, Investigação e gestão do Livro Genealógico. Esta gestão é feita através do Agrupamento Complementar de Empresas do Porco Alentejano (ACEPA), em conjunto com a outra associação do setor – a Associação de Criadores de Porco Alentejano (ACPA), que tem a seu cargo igualmente a gestão das Denominações de Origem Protegida (DOP) do Porco Alentejano: Carne de Porco Alentejano, Presunto e Paleta do Alentejo, Presunto e Paleta de Barrancos; bem como as Indicações de Geográficas Protegidas (IGP): Presunto e Paleta de Santana da Serra e Presunto e Paleta de Campo Maior e Elvas.

MORADARua Diana de Liz
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