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Comité Olímpico Internacional considera adiar os JO de Tóquio

O Comité Olímpico Internacional esteve ontem reunido para considerar a hipótese de adiar as próximas olimpíadas, sendo que o cancelamento está totalmente descartado. Os Jogos Olímpicos poderão começar um mês mais tarde, ou na pior das hipóteses, em outubro.

O Comité Olímpico Internacional esteve ontem reunido para considerar a hipótese de adiar as próximas olimpíadas, sendo que o cancelamento está totalmente descartado. Os Jogos Olímpicos poderão começar um mês mais tarde, ou na pior das hipóteses, em outubro.

A primeira garantia dada ontem pelo Comité Olímpico Internacional (COI) foi de que os Jogos Olímpicos continuarão a ser realizados ainda em 2020, sendo que a organização está a trabalhar no sentido de adiar a data das competições. Há várias semanas que se apontava que, face aos avanços do novo coronavírus um pouco por todo o mundo, que interromperam a esmagadora maioria das competições desportivas, as Olimpíadas poderiam vir a ser adiadas ou até mesmo canceladas. Duas ideias que até ontem eram completamente refutadas pelo COI.

Se o cancelamento se mantém bastante improvável, o adiamento é uma realidade quase certa, embora a decisão definitiva seja anunciada no próximo dia 15 de abril, garantiu o COI. Além do adiamento estão a ser colocadas em cima da mesa outras duas hipóteses: organizar um evento de menor dimensão e à porta fechada. No caso dos Jogos Olímpicos se atrasarem um mês, eles irão ser sobrepostos aos Paraolímpicos, que estão previstos acontecer entre 25 de agosto e 6 de setembro. Em termos de data a pior hipótese será em outubro. Acontecer em 2021 também está fora de hipótese.

Leia o comunicado de Thomas Bach, principal responsável do Comité Olímpico Internacional relativamente ao cenário dos Jogos Olímpicos de Tóquio:

“A reunião de hoje não foi capaz de determinar uma nova data para os Jogos Olímpicos devido a uma série de desenvolvimentos incertos: por um lado há um melhoramento geral da situação que podemos ver em vários países graças às severas medidas que estão a ser aplicadas; por outro, ainda há países que estão a batalhar contra um cenário muito adverso.

Ao contrário do que acontece com outros eventos desportivos, adiar os Jogos Olímpicos é um desafio extremamente complexo. Vários locais imprescindíveis para a realização dos Jogos podem não voltar a estar disponíveis, por exemplo. Há milhões de ‘noites’ já reservadas em hotéis que se transformarão num imenso problema de gestão em caso de cancelamento. É ainda importante ter em conta que os calendários desportivos internacionais de pelo menos 33 desportos olímpicos teriam de ser alterados.

Estes são apenas alguns dos vários desafios que estariam pela frente. ´por tudo isto que lançámos hoje esta discussão  de forma a que seja possível avaliar os recentes desenvolvimentos e a forma como eles podem condicionar a a segurança da humanidade e a realização dos Jogos Olímpicos.

Estamos a ponderar um cenário de adiamento e estamos a trabalhar arduamente. Acreditamos que esta discussão chegará a um desfecho dentro das próximas quatro semanas”.

Quanto custaria ao Japão o cancelamento dos JO?

Apesar de ser uma ideia refutada, as contas merecem ser feitas e desta forma, quanto iria custar o cancelamento das olimpíadas de Tóquio, ao país organizador? No início de 2019, os organizadores previam um custo de 11,1 mil milhões de euros, um valor que seria dividido entre a cidade de Tóquio, o COI e o Governo Central.

Os custos reais dos JO foram continuamente debatidos com um relatório de auditoria divulgado publicamente, que previu custos dez vezes acima dos iniciais. Entretanto as empresas japonesas investiram em patrocínios cerca de 2,8 milhões de euros, não incluindo as parcerias entre o COI e grandes empresas, relativo aos direitos de patrocínio de vários Jogos, como por exemplo com a Bridgestone, a Toyota e a Panasonic.

Considerando os analistas da Capital Economics, os gastos já realizados devem ser tidos em conta, na previsão de custos do cancelamento do evento, uma vez que a maioria dos gastos já aconteceu e a construção de novas infraestruturas já foi incluída no PIB dos últimos anos. O cancelamento teria ainda impacto negativo no turismo, que já tinha sido afetado depois de uma crise diplomática com a Coreia do Sul. Com a COVID-19, o turismo sofre uma nova crise, com a queda de visitas chinesas e sul coreanas, que representavam quase metade dos visitantes estrangeiros em 2019.

Prevê-se também que um hipotético cancelamento dos JO, resulte numa baixa do consumo interno, tendo os analistas previsto uma contração de 0,7 no PIB de 2020 e que podia chegar 1,5, caso os Jogos fossem cancelados. O país também perdia os ganhos de 1,7 milhões de euros, que seriam os gastos dos adeptos estrangeiros na altura das olimpíadas.

Já foram vendidos 4,5 milhões de bilhetes, dos 7,8 milhões previstos, 30 por cento deles a pessoas estrangeiras. Em 2018 o ministério do turismo japonês projetava cerca de 600 mil pessoas estrangeiras a irem ao país assistir aos JO, sendo que o cancelamento aliado à propagação do vírus e fazendo contas a 300 mil pessoas estrangeiras, iria resultar numa quebra de 1,4 por cento do PIB japonês, segundo dados da SMBC Nikko Security.