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Descontrolo em Itália. Mais de meio milhão de pessoas podem estar infetadas

O chefe da Proteção Civil italiana, Angelo Borreli admitiu hoje que o número de infetados pode na verdade ser dez vezes superior aqueles que foram apresentados oficialmente. Borreli em entrevista ao jornal La Repubblica admite que em Itália mais de 600 mil pessoas podem estar infetadas.

Das 600 mil pessoas que o chefe da Proteção Civil acredita estarem infetadas, apenas 63 mil foram reportadas oficialmente. Uma diferença de números, que dando razão a Angelo Borreli, pode significar que o surto do novo coronavírus está a atingir uma dimensão ainda mais assustadora do que aquela que queremos acreditar. Borreli vinca que “para cada um infetado declarado, há dez não registados”. O próprio justificou a afirmação explicando que “estes podem ser dados imperfeitos, mas, desde o primeiro dia, eu assegurei que diria a verdade, é um compromisso que assumi com o país. Se pararmos, vão acusar-nos de esconder coisas”.

Angelo Borreli revelou ainda que o número de mortes em Itália devido ao novo coronavírus supera os 6 mil, com um aumento de mortes em 602 pessoas, de domingo para segunda, sendo o segundo dia consecutivo que o número de fatalidades por dia decresce.

Na entrevista, Borreli criticou ainda o comportamento de algumas pessoas e situações, nomeadamente do grupo de amigos de Lodi, que foram de férias para a ilha de Ischia a 23 de fevereiro, e que causaram infeções naquela região. O mesmo se passou com 29 moradores de Bérgamo, que foram, de férias para a Sicília.

Outro caso que mereceu a crítica do representante da Proteção Civil foi o jogo de futebol da Liga dos Campeões, Atalanta-Valencia, que se jogou em San Siro, Milão, com uma audiência de 46 mil pessoas.

A opinião de Borreli relativamente ao verdadeiro número de infetados é partilhada pelo diretor da Unidade de Microbiologia e Virologia de Pádua, Andrea Crisanti, por sua vez responsável pela gigante campanha de testes que a região está a implementar. Numa entrevista ao jornal Il Gazzettino o diretor argumenta que “Em Itália, é necessário contar pelo menos 250.000 pessoas assintomáticas, a maioria delas concentradas na Lombardia, e outras 200.000 com sintomas”.

Andrea Crisanti considera que nesta fase é importante realizar testes de forma massiva, como aconteceu e Veneto, com o objetivo de passar de 2 mil a 4 mil testes por dia, até chegar aos 20 mil/dia. Com 61.115 testes realizados em Veneto, já foram identificados 5.505 portadores da COVID-19. Em comparação Lombardia engloba o dobro da população de Veneto e apenas 73.242 testes foram efetuados.

Outra voz crítica em relação a tudo o que é noticiado em Itália, é a de Francesco Costa, jornalista e vice-diretor da página de informações do Il Post, que num artigo para o jornal, declarou que “os dados sobre o novo coronavírus estão a dizer cada vez menos”. “”Como a COVID-19 só se apresenta de forma grave numa minoria de pessoas infetadas, isso significa que o número da Proteção Civil representa apenas uma parcela bastante pequena das pessoas infetadas em Itália, que são pelo menos quatro ou cinco vezes esse número”, reforça.