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Brasil, EUA e Inglaterra: medidas por tomar e números que não param de crescer

Bolsonaro pede reabertura de escolas. Trumph quer “o país aberto para o domingo de Páscoa”. Inglaterra defende imunidade comunitária. O casos dos três países onde as medidas de contenção social não estão a ser tomadas e onde os números não param de subir.

Bolsonaro pede reabertura de escolas. Trump quer “o país aberto para o domingo de Páscoa”. Inglaterra defende imunidade comunitária. O casos dos três países onde as medidas de contenção social não estão a ser tomadas e onde os números não param de subir.

O presidente do Brasil, Jamir Bolsonaro, afirmou ontem que a “vida tem de continuar” e pede a reabertura de escolas uma vez que “o que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima de 60 anos”. No seu discurso vai mais longe e pede o fim do “confinamento em massa”. “No meu caso particular, com o meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria, quanto muito, acometido por uma ‘gripezinha’, ou ‘resfriadinho’ (…)”, considerou sobre si próprio.

Palavras do presidente, “o vírus chegou. Está a ser enfrentado por nós e brevemente passará. A nossa vida tem de continuar. Os empregos devem ser mantidos. O sustento das famílias deve ser preservado”. No entanto, opinião diferente tem o seu próprio governo. Na página da internet o Ministério da Saúde brasileiro aconselha a população a evitar aglomerações, a reduzir as deslocações para o trabalho, a optar pelo “trabalho remoto” e a “antecipação de férias em instituições de ensino”.

Neste momento o Brasil já ultrapassou os dois mil casos confirmados e registou 46 mortos, com um aumento significativo de 310 casos em 24 horas.

Também esta terça-feira o presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, marcou uma data para o fim das medidas de confinamento, a 12 de abril, e arrojou dizer que “adoraria ter o país aberto para o domingo de Páscoa”. O presidente avança. “Morrerá gente. Mas perderemos mais gente se mergulharmos o país em uma recessão ou uma depressão enorme. Milhares de suicídios, instabilidade. Não podemos fechar os Estados Unidos, o país mais bem-sucedido. As pessoas podem voltar ao trabalho e praticar o bom senso. O remédio é pior que a doença”.

Estas declarações acontecem na mesma altura em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta para que os EUA se podem tornar o epicentro da pandemia, devido ao rápido aumento do número de infetados. “Estamos a assistir a uma disseminação muito rápida de casos nos EUA”, disse esta terça-feira Margaret Harris, porta-voz da OMS, numa conferência de Imprensa, em Genebra.

Os últimos números apontam para uma duplica cação de infetados e vitimas mortais nas últimas 24h, elevando o número total para 31.573 casos positivos e 402 mortes.

Em Inglaterra – país que ficou conhecido pela proposta de combater o vírus com uma estratégia de imunidade comunitária, que defendia que toda a população deveria ficar infetada – tem visto os seus números crescerem de forma acelerada e pode agora vir a ser ameaçado com uma crise semelhante à de Itália.

Um estudo conduzido na Universidade de Oxford, em Inglaterra, indica que metade da população do Reino Unido pode já ter sido contaminada pelo novo coronavírus. O modelo mostra que a grande maioria das pessoas tem sintomas fracos ou nenhum sintoma e que, por isso, a cada 1000 pacientes infetados, só um ficaria doente ao ponto de procurar ajuda médica.

Sunetra Gupta, professora de epidemiologia teórica em Oxford, liderou o estudo em questão e deixa o aviso. “É urgente aumentar a quantidade de testes feitos na população e realizar pesquisas sobre anticorpos para determinar em que estágio da epidemia estamos”.

Os primeiros indícios de transmissão no Reino Unido foram registrados no fim de fevereiro, mas este estudo indica que o novo coronavírus pode ter chegado ao país em meados do mês de janeiro.

Neste momento, registam-se 8077 casos de pessoas infetadas em Inglaterra e 422 mortos. O príncipe Carlos, herdeiro da coroa britânica, está também infetado. “Apesar de estar a sentir sintomas ligeiros, mantém-se de boa saúde”, avança a Clarence House, esta quarta-feira.

O cartoon do P2, caderno de domingo do PÚBLICO, de Cristina Sampaio.⁠