A linha de apoio, anónima e confidencial, vai ter do outro lado profissionais de saúde mental para “ouvir, conter, devolver, e tranquilizar” a população e também os outros profissionais de saúde.
Um grupo de 60 psicólogos, psicanalistas, psiquiatras e pedopsiquiatras vão prestar apoio gratuito e confidencial, através de uma linha telefónica, criada para ajudar as pessoas a lidar com o novo coronavírus.
Luísa Branco Vicente, presidente da Sociedade Portuguesa de Psicanálise, tomou a iniciativa e apelou, em carta, para a “generosidade” dos seus 230 sócios, “para disponibilizarem algumas horas do seu dia ou da sua semana (gratuitamente)”, com o objetivo de apoiar a população “face à estranheza de uma ameaça que pode vir do contacto com o outro”.
Em declarações à agência Lusa, a presidente explica que “a ideia de criar uma linha de apoio surgiu há cerca de duas semanas, quando um miúdo lhe disse, no final da consulta, que não sabia o que era pior, se a epidemia do vírus, se a epidemia do afeto. As pessoas estão muito aflitas, muito ansiosas com esta situação que estamos a viver”.
Uma das grandes preocupações deste momento passa pela forma como os pais explicam toda esta situação aos filhos. “Os pais estão com tanta dificuldade (…) que depois a transmissão à criança não é, certamente, a melhor. Ou não falam, ou de alguma maneira transmitem as suas angústias. É complexo e (…) é importante, do ponto de vista preventivo, fazer já alguma coisa”, explica.
Luísa Branco Vicente não tem “dúvida nenhuma” de que a atual situação de pandemia e isolamento social será uma agravante para a saúde mental dos portugueses e já se começam a detetar “preocupações em termos económicos”. Assim, o objetivo da linha agora criada é “ouvir, conter, devolver, para tranquilizar as pessoas”, sendo que é importante que essas mesmas pessoas “não se intoxicarem com notícias, notícias, notícias, que lhes aumentam o estado de ansiedade”, alerta.
Em apenas dois dias, 60 profissionais voluntariaram-se para o projeto.. A linha de apoio (300 051 920) dirige-se à população, mas também a profissionais de saúde, e está a funcionar há 48 horas, com cobertura nacional, no horário entre as 8h e as 24h., durante os dias de semana.