Diana Sá Carneiro é apaixonada pela dança desde criança. Em 2011, fundou a Ent’Artes – Escola de Dança, em Braga, onde recebem diariamente centenas de alunos. Um sucesso que permitiu já o nascimento de vários projetos a partir desta ideia inicial da sua fundadora.
Nascida na Cidade dos Arcebispos, Diana Sá Carneiro começou a ter aulas de ballet desde tenra idade. Perante a reduzida oferta de opções da área em Braga, aos 13 anos convenceu os pais a deixarem-na ter aulas no Porto e, com regularidade, começou a frequentar a Academia Fernanda Canossa que, na altura, dirigia o Grupo Experimental de Bailado do Porto. “Tive oportunidade de trabalhar mais e conhecer novos professores. As oportunidades que tínhamos de subir a palco eram imensas e sentia-me muito grata por isso”. A partir daqui, passou a consumir o maior número possível de formações, workshops e masterclasses.
Em 1997 mudou-se de vez para o Porto e, paralelamente à dança, começou a estudar Microbiologia, na Universidade Católica do Porto. Em 1999 agarrou a oportunidade de dar aulas de ballet, em Chaves. “Adorei ensinar”. Uns anos depois, ingressou no curso de professores da Royal Academy of Dance, tendo obtido o diploma de ensino em 2005. Assim que se licenciou, candidatou-se a um mestrado em Genética Molecular e preparou e defendeu a tese sobre alterações genéticas em tumores cerebrais, na Universidade do Minho, também no ano de 2005. “A ciência era realmente outra paixão, mas que nunca falou tão alto como a dança”. Posteriormente, continuou a frequentar aulas de dança, diariamente, até aos 30 anos. Em simultâneo, dava aulas em Braga e a infraestrutura rapidamente tornou-se pequena, tendo sido necessário encontrar mais espaços e estúdios para que pudesse continuar a trabalhar.
Em 2011, face a uma grande procura, por parte de cerca de 200 alunos, fundou a Ent’Artes – Escola de Dança, que teve início sem local fixo. “Com muito trabalho e amor conseguiu-se, em 2019, inaugurar o espaço onde nos encontramos hoje e onde somos muito felizes. Dispomos de excelentes instalações e recebemos diariamente centenas de alunos”. Pelo meio deste processo, em 2016, a marca chegou até Chaves e surgiu, assim, um segundo polo (hoje Forma – Estúdio de Dança dirigido por Mariana Carvalho, uma antiga aluna de Diana Sá Carneiro).
O nascimento da Plataforma Ent’Artes
Após uma década de trabalho na área da dança e com o notável crescimento da escola, em 2020, emergiu a necessidade de alargar horizontes e, por isso, criou uma estrutura com o objetivo de albergar outras dinâmicas. Trata-se da Plataforma Ent’Artes, que tem à sua responsabilidade toda a formação que existe através de masterclasses e workshops para alunos internos e externos. Além disto, a ferramenta digital trouxe com ela o Motus Dance Project, um projeto pré-profissional, de caráter anual, de residências artísticas, que convida coreógrafos portugueses de renome para trabalharem com os alunos de nível avançado da Escola. “É totalmente financiado por nós e já levou a palco, nestes quatro anos, magníficas obras de Fernando Duarte, Margarida Belo Costa, Bruno Duarte e Laura Ávila”.
A quinta temporada desta iniciativa tem estreia marcada para o próximo dia 21 de dezembro e conta com a assinatura de Inês Pedruco. “Num país onde é tão difícil a continuidade de projetos artísticos consideramos que é uma vitória ter já meia década de Motus Dance Project no currículo”. Mais recentemente, nasceu um outro projeto – A Soma das Artes – que visa “somar conhecimento”, através de convites a outras estruturas artísticas, para que partilhem o palco com a Ent’Artes nas galas de primavera e inverno que organizam. “Damos oportunidade, a outras escolas, projetos ou companhias, de apresentarem os seus trabalhos nos nossos eventos. Acreditamos que a experiência enriquece todos os alunos, professores, coreógrafos e público”.
Também há relativamente pouco tempo lançaram, nas redes sociais, “uma espécie de ‘open call’ a artistas e projetos que estejam à espera de uma oportunidade”. Com os recursos logísticos e humanos disponíveis, pretendem criar parcerias que impulsionem as artes. “E não estamos a falar apenas de dança. Queremos trabalhar com fotografia, pintura, media arts, entre outros. Acreditamos, muito, no poder da troca de conhecimento e experiências”.
O balanço de mais de uma década de atividade
O “orgulho incomensurável” do que está para trás enche os olhos de Diana Sá Carneiro de brilho. “Não é possível ser de outra forma. Sabemos que temos uma formação de excelência e, hoje em dia, é possível ver alguns dos nossos antigos alunos em companhias profissionais”.
Até então, alcançaram mais de 800 reconhecimentos, seja em medalhas, bolsas de estudo ou outras distinções, criaram, ao longo dos anos, centenas de espetáculos e “performances, que esgotaram plateias”, e ainda têm diversas parcerias na região do Minho, nas quais a marca Ent’Artes é responsável pela formação. “Os alunos e encarregados de educação vêm ao nosso encontro, uma vez que procuram a qualidade e a exigência que nos define. Ao mesmo tempo sabemos que este crescimento e procura nos trazem responsabilidades acrescidas.”
Hoje em dia são já mais de uma dezena os professores que diariamente ensinam os cerca de trezentos e cinquenta alunos que fazem parte da Ent’ Artes – Escola de Dança, e Diana Sá Carneiro realça o papel fundamental que todos – professores, alunos, colaboradores e famílias – desempenham para tornar cada dia uma referência. A Diretora da Ent’Artes sublinha ainda o papel de Maria Borges, antiga aluna e hoje professora e responsável pela coordenação interna de diversos conteúdos na escola: “É um enorme prazer ver a paixão e dedicação de gerações que cresceram na escola! Podermos partilhar todas as conquistas, e planear o futuro da Ent’ Artes com quem ama a dança de igual forma é algo singular!”
Para além de todo o trabalho na formação dos alunos, tentam, também, ter uma presença e participação ativa na comunidade, quer seja na presença em eventos solidários, quer seja através da criação de iniciativas que contribuam para a formação do caráter social e participativo de quem integra a instituição.
Relativamente ao futuro, fica a promessa de continuarem a ser exigentes e a pautarem-se por “elevados padrões de qualidade. Sempre demos passos equilibrados e acredito que esta fórmula resulta”.
*Fotografias: © Karine Menezes