Com a chegada de novembro, vieram o São Martinho, os dias cada vez mais frios e três novos livros. Para quem é fã de um bom momento de leitura, ao calor da lareira, deixamos três sugestões de obras que merecem ser lidas.
Para iniciar, sugerimos “Sacadura Cabral – O Aviador na Marinha”, um livro de Luísa Costa Gomes, que assinala o centésimo aniversário do desaparecimento do oficial, em novembro de 1924, e que tenta reconstituir, com informação em grande parte inédita, o que dele menos se conhecia. É o caso da infância em Celorico da Beira e o percurso liceal na Guarda – a formação na Escola Politécnica e na Escola Naval. Porém, o texto foca-se na carreira de quinze anos em África, como geodeta e geógrafo, sobretudo nas duas missões em que trabalhou com Gago Coutinho, na fronteira sueste de Moçambique e sueste de Angola.
Ao fim ao cabo, é uma biografia de Sacadura Cabral antes de ser o herói da Travessia do Atlântico Sul, que procura o seu lado pessoal, através da reconstituição da sua cronologia e da sua circunstância, isto é, dos contextos históricos, sociais, culturais e familiares em que viveu, integrado numa família de pendor político progressista, ligada à inovação tecnológica.
A nossa segunda sugestão é “A Beleza das Pequenas Coisas”, de Bernardo Mendonça. Esta obra reúne meia centena de conversas com notáveis personalidades da sociedade, realizadas para um dos podcasts de maior referência, o primeiro a ser criado no jornal Expresso, em 2015.
Da política à literatura e à ciência, da filosofia ao jornalismo, da justiça à religião, do teatro à música e à arquitetura, do cinema à sexologia e ao humor, é possível encontrar “aqui reflexões e partilhas surpreendentes, necessárias e urgentes que nos confrontam e ajudam a perceber mais sobre nós e os outros. Sobre o país e o mundo. E sobre a memória, o presente e o que vem aí”, adianta a Oficina do Livro, em comunicado.
Por fim, sendo que é um tema atual, recomendamos “O Coração Pensante – Ensaios Sobre Israel e a Palestina”, de David Grossman. O romancista israelita passou décadas a fazer campanha pela paz em Israel e na Palestina. No entanto, depois de 7 de outubro de 2023, dia em que assinalou a maior perda de vidas de judeus deste século, retirou-se para dentro de si próprio, refletindo sobre diversas questões “difíceis e necessárias acerca da sua amada nação”.
Em doze ensaios, o autor traça os anos que antecederam este dia e a guerra que se seguiu. Nesta obra, documenta a luta que está a ser travada em ambos os lados, entre os que estão empenhados no conflito e os muitos que simplesmente querem viver em paz.