Entre desenhos e projetos fomos à procura de perceber um pouco mais sobre arquitetura praticada no atelier Albertina Oliveira Arquitetura. É a desenhar que pensa, inspirada pelo cinema, música, literatura, escultura, fotografia, pintura. Coisas da mesma família da arquitetura.
Apesar de ter iniciado a sua atividade profissional como educadora de infância, cedo percebeu que o seu futuro passaria pelo desenho e pela arquitetura. Seguiu a sua paixão pelas artes e em 1997 terminava a licenciatura em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto. De facto, nunca se desassociou das artes, testemunhamos isso pela forma ordenada como tudo é colocado no atelier, mas também pelas fotografias de projetos já realizados. Em todos existem pequenos pormenores que dão vida e diferenciação à obra. Ainda assim, Albertina Oliveira assume uma extrema simplicidade no modo como desnuda o verdadeiro entusiasmo da sua vida: a arquitetura.
“A arquitetura é o negativo que é definido pela parte construída”, começa por desvendar a arquiteta, a sua forma de interpretar a sua arte. “Olhamos para a arquitetura como a parte construída mas o que ela nos vai proporcionar é a vivência dos espaços e essa organização é o importante. Um espaço e as suas variações podem oferecer diferentes sensações”, prosseguiu. A escola do Grande Porto é uma das suas influências, mas é a forma contemporânea como define os seus projetos que auferem a Albertina Oliveira traços peculiares. “Não se pode desassociar um projeto das emoções e acima de tudo da sua contextualização”, indica. Tudo começa numa folha vazia, num rascunho que, segundo a arquiteta, começa a ser preenchido pelas condicionantes do espaço: “Um projeto acaba por se definir a ele próprio”. Todos os projetos são realizados em conjunto com o desenhador António Pinto. É a desenhar que pensam, que constroem e reconstroem numa cumplicidade que lhes permite desenvolver o projeto até à sua consolidação.
Parte integrante de todos os projetos é também a sustentabilidade. A preocupação ambiental é uma responsabilidade, o que faz com que cada projeto seja realizado de forma a “que os consumos sejam sempre o mais próximos possível de zero”.
Projetos de referência
Entre um vasto portefólio de projetos, a IN procurou saber quais aqueles que foram mais desafiantes para o atelier Albertina Oliveira Arquitetura. A arquiteta destacou o edifício do Rosário, em Gondomar, e um loteamento para habitação, também em Gondomar.
O edifício do Rosário localiza-se próximo do Multiusos de Gondomar e assume-se numa forma que colmata as pré-existências e assume-se numa “rua nova”. “É revestido a zinco com uma leitura sem ruído, no entanto a parte posterior tem muitas cores, elementos que animam o espaço, do interior do quarteirão, que é menos interessante”. Para além de habitação tem também um espaço comercial que pode ser atravessado pelo interior.
“O outro projeto de habitação destaco por ter sido muito desafiante. Era um terreno sobrante de um loteamento, não tinha plataforma estável, era um precipício e tinha um loteamento de edifícios altos de habitação coletiva. Para além da configuração do terreno, a geometria, as pendentes e a topografia tinha uma localização comprometida/ exposta, perante edifícios altos de habitação coletiva. O próprio promotor dava aquele espaço como residual. Tinha a condicionante da privacidade, a geometria do terreno e só tinha sol a nascente. Acabaram por ser esses três elementos que desenharam a solução”, explanou Albertina Oliveira. Apesar de todos os desafios inerentes ao projeto, a solução traçada foi engenhada pela criatividade e experiência de ver além das condicionantes.
Entre os projetos realizados destacam-se também algumas peças de design, entre elas o conjunto “Ayers Cork” feito em cortiça e premiado e exposto em vários museus.