Instituição de Famalicão consegue unir todas as faixas etárias de forma a proporcionar uma infância repleta de boas memórias e experiências educativas e um envelhecimento ativo, saudável e sustentável. No âmbito do 20.º aniversário, a IN Corporate Magazine esteve à conversa com o presidente da direção, Mário Martins.
Encontrar uma IPSS que consegue pôr os seniores a contar histórias aos mais novos ou a ensinar-lhes jogos tradicionais, enquanto os mais novos ‘levam’ os mais velhos a querer aprender mais sobre informática/tecnologia ou a interagir entre eles, é algo que não é muito comum. Mas na Associação Gerações, mesmo no centro de Vila Nova de Famalicão, é esta a base do trabalho de uma equipa multidisciplinar.
“Queremos que os mundos das nossas crianças e dos seniores não estejam separados. Uma das nossas grandes preocupações são as práticas intergeracionais. A intergeracionalidade, através da prática de culturas e de jogos entre os novos e os mais velhos, é a joia da coroa da Associação Gerações”, resumiu Mário Martins, presidente da direção.
A instituição, que cumpriu 20 anos de existência a 22 de outubro, está de ótima saúde e recomenda-se. “Na infância, a nossa preocupação é constante com a inovação, com as dinâmicas novas que podem ser integradas no processo educativo”, especificou o responsável.
Quanto aos seniores, a preocupação é “que se sintam capazes e tenham essa consciência de ter um conjunto de atividades que os enriquecem, pessoal e culturalmente.”
E já estão a colher os frutos. “Temos seniores que são encaminhados para a Associação Gerações através dos médicos de família. Reconhecem a maisvalia do trabalho desenvolvido aqui e que pode ajudar os utentes, de forma a proporcionar o envelhecimento ativo e saudável”.
Mas recuemos até ao ano de 1999. Nascida sob o nome Associação de Ludotecas de Famalicão, integrou-se no movimento ludotecário nacional e internacional, “que era importante vincar na altura. Mas chegamos à conclusão de que os nossos objetivos transcendiam enormemente o trabalho da associação”, lembrou o terceiro presidente da história desta IPSS. Em 2010, depois de consultarem os associados, os colaboradores, as entidades parceiras e os pais das crianças, chegouse ao nome “Associação Gerações: Associação de Educação, Solidariedade e Serviços”.
Isto porque a intervenção já não era só com as crianças. Aliás, as valências sociais são muitas: creche, que se subdivide em berçário, creche 1 e creche 2; pré-escolar, com duas salas; centro comunitário, que existe na vertente de centro educativo e na vertente de clube sénior, que tem neste momento 180 utentes maiores de 55 anos ou já aposentados.
Portanto, estamos a falar de cerca de 300 pessoas abrangidas por esta instituição. “O grande número é de aposentados com mais de 65 anos. A pessoa mais idosa tem 90 anos e é uma utente do clube sénior que participa numa atividade que designamos como treino de memória, com psicólogos e terapeutas especializados”, disse Mário Martins. “O sénior masculino mais idoso tem 85 anos e é apaixonado pela informática e novas tecnologias’”.
Em relação ao treino de memória, é apenas uma das várias atividades diversificadas do clube sénior. “A velhice não é estática. Pode ser dinâmica, pode proporcionar a abertura a outras áreas do conhecimento que não puderam ter oportunidade de tocar”, explicou. Prova disso é o facto das atividades de informática serem as mais procuradas pela população sénior.
“Também temos atividades de cariz mais pessoal e outras mais orientadas para o movimento, como a dança (muito procurada), ioga, pilates, pintura (área muito querida internamente), além das visitas culturais que têm grande adesão dos seniores: museus a que nunca foram, paisagens que nunca tiveram oportunidade de abraçar e identificar”, frisou o presidente da direção. Tudo “respeitando sempre as tendências naturais das pessoas, já que é feito um inquérito no início do ano para saber os gostos”.
Os associados fazem a diferença, mas sem uma equipa “bem liderada, com funções claras e que correspondam à dinâmica da instituição”, pouco se conseguia. Além da equipa efetiva, contratam técnicos especializados em várias áreas sempre que necessário.
O lado social que normalmente associamos a uma IPSS também está sempre presente, nomeadamente “temos por hábito, conhecendo as necessidades de algumas famílias, amenizar com a oferta de bens alimentares, roupas e brinquedos que atenuem os efeitos negativos que essa situação tem”, contou o responsável.
Evitando tocar na palavra ‘pobreza’, por precisamente ter um tom discriminatório e pesado, porém reconhecendo que “infelizmente ainda temos situações no século XXI que não deixam de ser extremamente constrangedoras”, Mário Martins dá o exemplo do Natal e da loja social Mão Amiga, da associação.
E porque o Natal se aproxima, “não fugimos às tradições das prendas para as crianças e seniores, mas estas prendas não são bens materiais. São sempre uma oportunidade vivencial: um espetáculo de música, artes circenses, teatro”, descreveu. Na Associação Gerações as experiências culturais, artísticas e educativas terão sempre mais valor e serão sempre valorizadas e reconhecidas pela instituição como um bem precioso.
Para o dia 22 de novembro, Mário Martins convida toda a comunidade para a inauguração das novas instalações para o funcionamento do centro comunitário da instituição.