Aos 84 anos, a pintora portuguesa foi distinguida com o Prémio Carreira pela conceituada revista feminina de moda norte-americana Harper’s Bazaar devido ao “poder visceral das suas pinturas subversivas”.
Todos os anos, a Harper’s Bazaar faz a sua lista de mulheres inspiradoras que mais se destacaram em várias áreas, desde a representação à música, pintura ou escrita. Em 2019, Paula Rego surge em oitavo lugar, tendo recebido o prémio “Lifetime achievement” (Prémio Carreira).
“Ao longo de sete décadas, a artista tem protagonizado uma revolução silenciosa através do poder visceral das suas pinturas subversivas”, escreveu a Harper’s Bazaar.
A seu lado na lista ficaram nomes bem conhecidos do público como a atriz Cate Blanchet (Prémio de Filantropia), a designer Alexa Chung (Designer Revelação), a pintora Celia Paul (Artista do ano), a atriz Helena Bonham Carter (Ícon Britânica), a escritora Jeanette Winterson (Escritora do Ano) e a cantora Jorja Smith (Cantora do Ano).
Os prémios foram entregues no evento Harper’s Bazaar Women of the Year Awards, em Londres, a 29 de outubro. É na capital britânica que Paula Rego vive desde a década de 60. Tem dupla nacionalidade, portuguesa (nasceu em Lisboa) e britânica (mudou-se para lá aos 17 anos para estudar na Slade School of Fine Art).
Em 2010 foi distinguida com o grau de Dame Commander of The Order of the British Empire pela rainha Isabel II, pela sua contribuição para as artes, e em 2016 foi homenageada com a medalha de honra da cidade de Lisboa. Já em julho deste ano foi distinguida em Londres com a Medalha de Mérito Cultural pela ministra da Cultura, Graça Fonseca, que admitiu que “faltava este reconhecimento” pelo Governo português.
Nas últimas décadas, Paula Rego tem abordado temas políticos, como o abuso de poder, e sociais, como o aborto, entre outros do universo feminino.
O trabalho da pintora foi recentemente alvo de uma retrospetiva “Paula Rego: Obediência e Desafio”, em Milton Keynes, a norte de Londres, que abrange a obra desde os anos 1960 até 2011, com mais de 80 trabalhos, entre desenhos, colagens e pinturas. As obras focam-se sobretudo na crítica política e social.
Por cá, a Fundação de Serralves, no Porto, inaugurou a 24 de outubro a exposição “Paula Rego. O Grito da Imaginação”, com algumas obras da pintora realizadas entre 1975 e 2004 e duas séries de gravuras, que revelam universos onde a surpresa e o espanto se ancoram nos mais básicos anseios da sociedade contemporânea e do papel da mulher nesse universo.
A exposição está patente até 8 de março de 2020, precisamente o Dia Internacional da Mulher.