Aumento do salário mínimo põe em risco 100 mil empregos se não for compensado com medidas concretas, alerta Fórum para a Competitividade. O desemprego pode verificar-se quer no setor não transacionável, se o Estado não atualizar os preços a fornecedores, quer no setor transacionável, que não tem hipótese de repercutir o aumento de custos em preços superiores.
O aumento do salário mínimo pode pôr em causa entre 50 mil e 100 mil postos de trabalho. As contas são do Fórum para a Competitividade, que considera que as contrapartidas pelo aumento do salário mínimo nacional (SMN) são “muito insuficientes”, impedindo a produtividade de crescer ao nível do salário mínimo. “Aparentemente, o Governo quer que o salário mínimo suba até 750 euros em 2023, enquanto as associações patronais parecem dispostas a concordar com uma subida até 700 euros, mediante a negociação de contrapartidas”, diz numa nota.
No entanto, alerta que essas contrapartidas podem ser “muito insuficientes”. Se, por um lado, “há setores, como o alojamento, a restauração e a construção, onde é provável assistir-se a um aumento de preços, mas não deverá haver grandes riscos sobre o emprego, é também possível que nalguns destes setores não haja margem para refletir inteiramente o aumento de custos nos preços, havendo um estreitar de margens que poderá fragilizar algumas empresas e conduzir a algum desemprego. Ironicamente, é nos setores que fornecem serviços ao Estado de segurança e limpeza que há maiores riscos, sobretudo se o Governo for incoerente e não subir os preços a que compra estes serviços”.
Por outro lado, segundo o fórum, “no setor transacionável (agricultura e indústria), como vimos, as coisas passam-se de forma inteiramente diversa”. E acrescenta que, nestas indústrias, “não há possibilidade de aumentar preços e, na impossibilidade de aumentar a produtividade, haverá destruição do emprego”.
Para estas empresas, o Fórum para a Competitividade refere uma “forte diminuição de margem das empresas, insolvência de empresas, diminuição do emprego e diminuição das exportações”, lembrando que “atualmente, estes sectores são responsáveis por 790 mil empregos e por exportações de bens de 57,6 mil milhões de euros.” Além da destruição do emprego, o aumento do SMN também causaria uma subida da taxa de desemprego entre um a dois pontos percentuais e “uma degradação das contas externas entre 1,5% e 3% do produto interno bruto (PIB).