Luís Sepúlveda morreu esta quinta-feira em Gijón, Espanha, vítima do novo coronavírus, avançou a agência Efe, tendo entretanto a Porto Editora também confirmado. A morte do escritor acontece depois de este ter sido internado no Hospital Universitário Central das Astúrias, em Oviedo, no final do mês de fevereiro. Na semana anterior, participara no festival literário Correntes d’Escritas, na Póvoa de Varzim.
O escritor chileno de 70 anos estava internado em Espanha desde fevereiro, altura em que tinha testado positivo para o novo coronavírus. Na semana anterior, Luis Sepúlveda tinha participado no Correntes d’Escritas, na Póvoa de Varzim.
Segundo fontes médicas citadas pela publicação espanhola, o estado de saúde de Sepúlveda mantinha-se “estável dentro da gravidade”, tendo sido várias vezes entubado, enquanto aguardava uma melhoria que acabou por nunca acontecer. Houve mesmo uma ocasião em que foi avançada a sua morte, situação que foi negada. O escritor acabou, contudo, agora por ceder ao Covid-19.
O escritor chileno, que vivia em Gijón, em Espanha, estava internado no Hospital Universitário Central das Astúrias, em Oviedo, desde 29 de fevereiro. Foi o primeiro a ser diagnosticado com covid-19 nas Astúrias.
Nos livros que escreveu, aprendeu outra forma de resistir. Desta vez, contra o esquecimento. Como se precisasse desse exercício constante para ajustar contas com o passado. Do jovem que nasceu no Chile e, de um dia para o outro, viu a ditadura instalar-se no seu país. Do ativista político duas vezes preso e obrigado ao exílio. Do guerrilheiro nas fileiras sandinistas e do correspondente de guerra em Angola. Luís Sepúlveda presenciou momentos importantes do século XX, descobriu mundos e fez-se contador destas e de outras histórias.
“Sempre vi a literatura como um ponto de encontro. Primeiro, é um ponto de encontro do escritor com a sua própria memória, com as suas referências culturais e sociais. Depois, é um ponto de encontro entre dois estados de alma: o do escritor, quando estava a escrever, e o do leitor, no momento em que lê”.
disse em 2016, em entrevista à agência Lusa
Luís Sepúlveda, nasceu em Ovalle, na região de Coquimbo, no sul do Chile, em 04 de outubro de 1949, estreou-se nas letras em 1969, com “Crónicas de Piedro Nadie” (“Crónicas de Pedro Ninguém”), dando início a uma bibliografia de mais de 20 títulos, que inclui obras como “O Velho que Lia Romances de Amor” e “História de Uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar”.
Escreveu desde contos, romances a livros de viagem, ensaios, tendo trabalhado também como repórter. O último livro que escreveu foi “História de Uma Baleia Branca”, publicado em 2019.
O escritor chileno abandonou o seu país de origem em 1977, durante a ditadura de Pinochet. Esteve ligado a vários movimentos de inspiração comunista e socialista. tendo-se mesmo alistado nas fileiras sandinistas no final dos anos 70, em concreto na Brigada Internacional Simon Bolívar.
Foi também defensor de causas ambientais, tendo trabalhado com a Greenpeace nos anos 80. Interessou-se pelos contrastes regionais na América Latina e defendeu as origens mapuche da família, que homenageou no livro “História de Um Cão Chamado Leal”.
Romancista (ou, talvez melhor, novelista), contista, argumentista, cineasta, jornalista e activista político e ambiental, Luis Sepúlveda é o mais lido autor chileno da actualidade, a sua popularidade internacional só pode ser comparada à que havia tido, anteriormente, o poeta Pablo Neruda.
Numa nota enviada às redações, a Porto Editora escreve: “À família e aos amigos de ‘Lucho’ (como carinhosamente era tratado) e a todos os seus leitores endereçamos as mais sinceras e sentidas condolências por tão grandes perda”.
Luís Sepúlveda vendeu mais de 18 milhões de exemplares em todo o mundo e as suas obras estão traduzidas em mais de 60 idiomas.