A inscrição do Carnaval de Torres Vedras a Património Nacional Imaterial entrou em consulta pública, de acordo com o anúncio da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) publicado hoje em Diário da República.
No anúncio, a DGPC abre um período de 30 dias de consulta pública a contar desde o dia 11 de janeiro, tomando depois uma decisão ao fim de 120 dias sobre a abertura do processo.
Em 2016, a Câmara de Torres Vedras, no distrito de Lisboa, entregou à DGPC o dossiê de candidatura do seu Carnaval a Património Nacional Imaterial, o primeiro passo para vir a ser reconhecido como Património Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, na sigla em inglês).
O município pretende “valorizar o Carnaval e garantir a salvaguarda do património a ele associado” ao candidatar as festividades de Torres Vedras ao registo e à classificação de Património Nacional Imaterial, afirmou na ocasião à agência Lusa a vereadora da Cultura, Ana Umbelino.
Segundo a autarca, este é o primeiro passo para um “futuro reconhecimento mundial pela UNESCO”, através de uma candidatura do país que o município ambiciona.
“É uma manifestação cultural que envolve a comunidade e que está inscrita na identidade local, passando, de geração em geração, rituais” que estão enraizados, referiu, sublinhando que o Carnaval de Torres é o “mais português de Portugal”.
São características das celebrações a chegada e entronização dos reis, o julgamento e enterro do Carnaval e as matrafonas (homens com roupas e acessórios habitualmente usados por mulheres).
De acordo com o município, o Carnaval insere-se nas tradições do Entrudo português, cujas raízes remontam às festas pagãs relacionadas com as festas de inverno e os cultos de fertilidade e da abundância no início da primavera, incluídos pelo Cristianismo no calendário litúrgico.
Considerada uma festividade urbana, o Carnaval de Torres Vedras remonta a 1930, quando uma elite local republicana e um grupo social comercial/industrial emergente começou a organizar o primeiro corso, com carros alegóricos, batalhas de flores e inspiração nos modelos carnavalescos franceses e italianos.
Contudo, dadas as características também rurais do concelho, apresenta em simultâneo algumas reminiscências do Entrudo rural, como o enterro do Entrudo na Quarta-feira de Cinzas, o cortejo fúnebre e o julgamento, condenação e queima do rei.
O Carnaval de Torres Vedras, que em 2019 teve um orçamento de 800 mil euros, recebe cerca de meio milhão de visitantes durante os seis dias do evento e gera receitas de 10 milhões de euros na economia local.