O Plano de Recuperação e Resiliência fará com que a economia portuguesa chegue a 2026 a crescer mais entre 1,1% e 2,0% do que sem a ajuda da chama ‘bazuca’, indica um estudo do Banco de Portugal.
A análise ao impacto do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) no período 2021-2026 foi hoje divulgada com o Boletim económico de março do Banco de Portugal (BdP), tendo apenas em conta as componentes financiadas por subvenções (apoios a fundo perdido) cujo montante reservado a Portugal ascende a 13,9 mil milhões de euros.
De acordo com o estudo, os resultados apontam para que “o nível do PIB em 2026 seja entre 1,1% e 2,0% superior ao que ocorreria na ausência do PRR”. Já o impacto no emprego ascenderá a um crescimento entre 0,2% e 1,4%.
Apesar de as estimativas apontarem para um “impacto significativo” do PRR na economia portuguesa, contribuindo para uma recuperação mais rápida da crise pandémica, o banco alerta que “subsistem fatores de incerteza interrelacionados que podem condicionar os resultados apresentados”.
Entre esses fatores de risco estão o perfil temporal de entrada dos fundos, a capacidade de absorção dos mesmos, a repartição entre investimento ou mesmo a posição cíclica da economia.
O BdP publicou hoje as previsões para a economia portuguesa em 2021, mantendo o aumento de 3,9% do PIB, mas reviu em alta a projeção para 2022.
No Boletim Económico de março, o BdP espera que a economia portuguesa avance 3,9% este ano, o mesmo valor que antecipava em dezembro, sendo esta manutenção justificada pela maior resiliência da atividade económica ao novo confinamento, em consequência do “processo de aprendizagem das famílias e das empresas”, de “um enquadramento internacional menos sincronizado e mais favorável” e da “manutenção da ação decisiva das políticas monetárias, orçamentais e prudenciais”.
Para 2022, o banco central antecipa que o PIB aumente 5,2%, revendo em alta a anterior projeção de 4,5%. Para 2023, mantém-se a previsão de que a economia se expanda 2,4%.
Estas projeções assumem que as restrições impostas pela necessidade de conter a propagação da pandemia de covid-19 “serão gradualmente levantadas a partir do segundo trimestre de 2021”.
Outro dos fatores assumidos nestas projeções é que se registe uma redução da taxa de poupança, que em 2020 atingiu os 12,8%.
“Se essa redução da taxa de poupança for mais moderada, teremos uma recuperação [da economia] mais lenta”, referiu o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, durante a apresentação do Boletim Económico.
Na ocasião, o responsável pelo banco central lembrou que o nível de depósitos dos particulares atingiu em fevereiro um novo máximo de sempre, de 163,8 mil milhões de euros.
Do lado das empresas, entre fevereiro de 2020 e o mesmo mês deste ano, os depósitos aumentaram em 9.166 milhões de euros.
Durante a apresentação do Boletim Económico, Mário Centeno salientou que as projeções para a economia comportam riscos, sendo estes maiores no curto prazo, em função da evolução da pandemia.
|Lusa