A ACOB, com sede em Bragança, elegeu a 11 de setembro de 2020 novos órgãos sociais. Desde a sua constituição, foi a primeira vez que se elegeram novos órgãos sociais. Uma equipa composta única e exclusivamente por criadores, bem conhecedores da atividade, que contam com uma equipe técnica capaz e profissional para os ajudar a levar a cabo as suas propostas.
A direção da ACOB, numa tentativa de aproximar os serviços técnicos e administrativos aos seus associados, mais afastados geograficamente da sede da Associação, irá instalar locais de atendimento nos restantes concelhos onde existem criadores da raça em número que o justifiquem, em estreita colaboração e apoio das Câmaras Municipais, nomeadamente em Vinhais, Vimioso, Macedo de Cavaleiros, Chaves e Valpaços. A ACOB, entidade gestora do Livro Genealógico da Raça Ovina Churra Galega Bragançana Branca e Preta, conta atualmente com 127 criadores da variedade Branca que exploram um total de 13.297 animais (sendo 375 machos e 13.672 fêmeas), e 52 criadores da variedade Preta explorando 3.471 animais (sendo 117 machos e 3.354 fêmeas). Verificou-se um aumento de explorações inscritas, no último ano. A raça branca, que em 2020 apresentava 117 explorações, passou para as 127 explorações registadas em Livro Genealógico em 2021. Ao nível da raça preta o aumento verificado foi de cinco explorações, passando de 47 registadas em 2020 para 52 em 2021.
O âmbito de ação da ACOB é a nível nacional, se bem que a grande percentagem dos animais se encontra nos concelhos de Bragança e Vinhais, onde se localiza o solar da raça, em pleno Parque Natural de Montesinho, existindo também um número cada vez maior de criadores nos concelhos de Macedo de Cavaleiros, Vimioso, Chaves e Valpaços. Existem também explorações de criadores da raça preta, em Arraiolos, Mesão Frio, Vila Real, Baião e Vila Nova de Foz Côa. A opção pela raça preta em detrimento da raça branca, tem sobretudo a ver com o valor pago por animal (no âmbito da Medida AgroAmbiental, 7.8.1. Recursos Genéticos-Manutenção de Raças Autóctones Ameaçadas), que no caso da raça preta é de 30 euros, e no caso da branca é de 15 euros. Relativamente ao valor pago por animal, a ACOBB aguarda que o próximo quadro comunitário de apoio, traga um aumento do prémio a atribuir por animal, na ordem dos 50 por cento, de forma a melhor compensar os criadores que se dedicam à criação de animais de raças autóctones. Verifica-se um aumento de interesse “pelas nossas raças, facto que nos deixa satisfeitos e orgulhosos do nosso trabalho, impulsionando-nos a melhorar, sempre em prole da defesa dos interesses dos nossos associados, com quem aprendemos todos os dias. Este interesse, é garantia da qualidade do nosso trabalho, da divulgação que fazemos da Raça Churra Galega Bragançana, junto da comunidade, e mais importante constitui garantia da preservação das nossas raças”, destaca a ACOB. Não seria, no entanto, possível à ACOB desempenhar cabalmente o seu papel no apoio aos criadores de raças autóctones, sem o apoio e orientação da Direção Geral de Veterinária, através do seu gabinete dos recursos genéticos, sem o financiamento que advém do PDR2020, no âmbito da ação 7.8.3. – Recursos Genéticos – Conservação e Melhoramento de Recursos Genéticos Animais, que chega a nós através dos pagamentos efetuados pelo IFAP.
A ACOB, para além do apoio prestado aos associados ao nível do cumprimento das regras impostas pelos regulamentos dos Livros Genealógicos, com visitas à exploração, e posterior tratamento da informação e dados recolhidos em escritório, presta também apoio ao nível da elaboração de candidaturas às ajudas do Pedido Único, a projetos de investimento, licenciamento da atividade pecuária, organização de contabilidades simplificadas, IRS e segurança social, etc. Pretende-se oferecer um leque de serviços o mais amplo possível, que permita aos nossos associados, tratar da maioria dos seus assuntos na ACOB, onde disponibilizamos também uma sala de parcelário e um posto SNIRA, que os ajuda a tratar questões relacionadas com o IFAP, sempre importantes.
A ACOB presta também Serviço de Aconselhamento Agrícola, aos seus associados, sendo entidade parceira da FATA, encontrando-se o projeto em fase de conclusão. No fundo, este programa visa a prestação de apoio aos criadores, na organização administrativa, contabilista e técnica da sua atividade, aconselhando formas alternativas, que possibilitem uma maior rentabilização com menos custos. Compete agora falar dos animais “das nossas raças (branca e preta), que apresentam grande rusticidade, sobrevivendo no ambiente extremo que caracteriza o nordeste transmontano. Sendo uma raça de aptidão de carne, o principal produto das explorações é a venda de cordeiro, o denominado cordeiro Bragançano”, referem. A carne “cordeiro Bragançano”, tem origem em cordeiros nascidos e criados num sistema de exploração extensivo tradicional, onde os pastos verdejantes e naturais conferem um sabor único e inconfundível à carne – de comer e chorar por mais. O peso médio da carcaça estimado situa-se entre 10 a 12 kg, sendo os animais abatidos entre os três e quatro meses de idade. A base da alimentação dos cordeiros é o leite materno. Em muitas explorações os cordeiros acompanham as mães pelo campo, alimentando-se da excelente qualidade dos pastos que caracterizam o nordeste transmontano. Esta alimentação poderá ser suplementada com recurso a forragens tradicionais, nomeadamente feno. Na alimentação dos animais não são utilizados agentes de crescimento, pelo que o consumidor pode disfrutar de uma carne biológica de excelente qualidade. Desta forma pode-se afirmar que a particularidade do Cordeiro Bragançano se prende com a raça, a sua a alimentação e o maneio. O pastoreio extensivo na maior parte do ano leva os animais a apresentarem um nível de gordura equilibrado na carne, músculo firme, tenro e de paladar excelente. A venda destes animais é principalmente feita a intermediários. De forma a contornar esta situação, a ACOB está a tratar da criação de um agrupamento de produtores que terá como objetivo principal, o escoamento dos cordeiros, sendo esta uma das principais preocupações dos seus associados. A lã que outrora tinha aproveitamento, não constitui, hoje, receita das explorações, por não ser valorizada pelos mercados. É necessário e urgente inverter esta situação. Estão a ser desenvolvidos esforços e contactos de forma a criar mecanismos de valorização e escoamento da lã. Este subproduto é um excelente isolante térmico, que poderá ser utilizado na construção civil, por exemplo, pelo que, esta é uma das vertentes que pode ser explorada e “constituir uma receita complementar dos nossos criadores”. “Vamos finalmente poder voltar a realizar os concursos das raças. No próximo dia 31 de outubro, decorrerá o concurso concelhio de Chaves. Estes eventos para além de promoverem a raça, permitem o contacto entre pessoas de diferentes locais, o intercâmbio de ideias e de animais, numa saudável relação de amizade. Tudo faremos, hoje e amanhã, para preservar as nossas raças, que para além de serem um património singular do nosso território, constituem elemento importante da paisagem, com a qual vivem em perfeita harmonia, assegurando ao mesmo tempo a manutenção da atividade pecuária nas nossas comunidades, evitando a desertificação, das nossas terras e o empobrecimento das nossas gentes!”, conclui a comunicação da ACOB.