A rede social que mudou a forma como comunicamos atingiu a maioridade. O aniversário chega na semana em que foi divulgado que o Facebook, pela primeira vez na sua história, perdeu utilizadores de um trimestre para o outro.
No dia 4 de fevereiro de 2004 Mark Zuckerberg e quatro amigos lançaram, no campus de Harvard, um website com o objetivo de manter “integrados” os estudantes desta universidade. No dia seguinte mais de mil pessoas já se tinham registado num serviço cujo percurso seria meteórico, e hoje o Facebook é uma das empresas mais valiosas do mundo.
A Rede Social (2010), de David Fincher, é um filme de ficção sobre esses primeiros tempos e inclui, entre outras, a história sobre o processo interposto pelos gémeos Winklevoss a Zuckerberg por este se ter baseado na ideia e no código-fonte de uma rede social que eles tinham projetado. Até hoje os gémeos mantêm esta versão.
Polémica e sucesso andam a par na história do Facebook. A empresa tem sido alvo de danos reputacionais, com Zuckerberg a ter tido de testemunhar, perante o Congresso Americano, pela utilização indevida de dados pessoais dos utilizadores e por falhar na proteção dos mesmos. Outra crítica apontada à rede é a de estimular comportamentos aditivos. Já se sabe que uma tecnologia em si mesma não é boa nem má e depende do uso que fazemos dela, mas o fato é que a nível empresarial esta rede social tem sido uma ferramenta de marketing (e não só) para milhões de empresas.
Os 18 anos da maior rede social virtual do mundo chegam na semana em que o Facebook declarou ter perdido pela primeira utilizadores. Durante o último trimestre de 2021, a rede social contabilizou 1,929 mil milhões utilizadores diários ativos, caindo assim dos 1,930 mil milhões registados no trimestre anterior. Em reação, as ações da Meta, detentora do Facebook, Instagram e WhatsApp, caíram mais de 20% na abertura do mercado de Nova Iorque. Segundo o Expresso, esta queda do valor bolsista na ordem dos 240 milhões é mais do que toda a riqueza produzida em Portugal durante o ano de 2021.
Também a nível publicitário as notícias não são boas. Depois da Google, a Meta é a detentora da maior plataforma de anúncios digitais do mundo, e a introdução por parte da Apple de alterações nos termos de privacidade do seu sistema operativo teve impacto nas marcas. No Facebook e Instagram estas não conseguem direcionar tão facilmente os seus anúncios para o seu grupo-alvo nem monitorizar o seu comportamento on-line. Só este ano, e segundo o diretor financeiro da Meta, o impacto desta mudança pode chegar aos 10 mil milhões de dólares.
Mark Zuckerberg justifica-se com a concorrência de rivais como o YouTube e o TiKToK, este último a crescer de forma muito rápida. Para fazer face à concorrência não está em causa a compra desta rede social por parte do Facebook – como aconteceu, no passado, com o Instagram – mas sim apostar em tecnologias como a realidade virtual. A perda de reputação do serviço levou também a uma operação de rebranding (de Facebook Inc. para Meta).