A OPFC – Clínica Médica do Porto acabou de inaugurar, este mês, as novas instalações na Avenida da Boavista. Um espaço pensado para os utentes e com um equipa “ dedicada a si e aos seus” . Foi no meio deste processo de mudança que tivemos a oportunidade de entrevistar a Diretora Clínica, Cláudia Bernardino Bernardo. Uma líder determinada, capaz de motivar, de influenciar, inspirar e gerar empatia. Mas antes de tudo uma Médica de família, humana, com real preocupação com os seus utentes.
Cláudia Bernardino Bernardo, Médica especialista de Medicina Geral e Familiar e Diretora Clínica da OPFC – Clínica Médica do Porto. Nasceu na Beira Alta, licenciou-se na Universidade Nova de Lisboa e trabalha há muitos anos no Porto. Começo por lhe pedir que nos fale um pouco de si e do seu percurso académico e profissional.
Sou natural de Moimenta da Beira, onde estudei e vivi permanentemente até aos meus 18 anos. Desses tempos recordo muitos professores que tiveram um papel importante na minha formação e na afirmação da minha vontade de ser Médica. Há muitos anos que não havia uma entrada no tão desejado curso de Medicina e acredito que também para eles fui motivo de orgulho. Ingressei no Curso de Medicina na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. Lá criei muitas amizades que muito estimo e mantenho no presente, por este país fora. A faculdade teve o seu percurso normal de 6 anos, com muitas viagens aos fins de semana, sempre aproveitadas para estudar. A família sempre teve muita importância para mim e seria impossível passar um fim de semana sem ir “à terra”. Sempre fui muito determinada, com objetivos bem definidos e capaz de abdicar da adolescência em prol do sonho de ser Médica. A realidade de hoje não era a de há muitos anos atrás. No interior tirar um 19 era muito “suado”, nos grandes centros tínhamos os colégios que fabricavam notas.
Quais foram os momentos mais marcantes da sua vida e de que forma influenciaram a sua relação com os outros, a nível pessoal e profissional?
Tive um momento marcante na minha vida pessoal, que prefiro não referir, que inevitavelmente influenciou a minha forma de estar na vida pessoal e, passados dois anos, profissional. Foi apenas a certeza de que seria Médica seria e, sobretudo, Humana com cada utente que me passasse pelas mãos. A certeza de que a vida é cheia de provas e só teria que superar cada uma delas para alcançar os meus sonhos. Hoje sou Feliz: PRIMEIRO – estou viva e não há motivo maior de felicidade – tenho uma filha maravilhosa e encantadora; tenho satisfação profissional como verdadeira Médica de Família e amigos de ouro. Claro que neste mundo há sempre quem nos vire as costas quando somos felizes com menos.
Quando é que soube que quis ser médica? E que fatores foram influenciado a sua decisão ao longo do percurso escolar e académico?
Na faculdade, na cadeira de Clínica Geral, feita 15 dias em Cascais e 15 dias em Ferreira do Alentejo, com duas orientadoras fantásticas, foi tomada interiormente essa decisão.
Porque é que escolheu a Medicina Geral e familiar como especialidade?
A Medicina Geral e Familiar é a especialidade que me permite ser médica dos 0 aos sem limite de idade; é vigiar gravidas; é fazer consultas de saúde infantil; é fazer planeamento familiar; é vigiar HTA e diabetes; é a saúde de adultos. Mas também é a resposta ao domicílio dos dependentes, também é a gestão dos conflitos familiares, também é o luto. Logo, está sempre implícita a psiquiatria e a psicologia. A relação de confidencialidade e proximidade com as pessoas / utentes é muito aliciante e enriquecedora.
O que mais a apaixona na sua profissão
Chegar ao final de um dia de trabalho de consciência tranquila, porque fiz o melhor que sei, tendo como prioridade o utente. E há dias em que pequenos gestos e palavras dos utentes me fazem sentir realmente realizada.
Para além das competências técnicas e científicas, o que é para si ser uma boa médica? E, mais especificamente, uma boa médica de família?
Eu posso ser muito boa técnica e cientificamente mas, se como Médica de Família não crio empatia com o utente, não há relação médico / doente que perdure.
Define-se como alguém sempre pronta para novos desafios. Há algum que tenha exigido mais de si e que queira partilhar connosco?
Todos os desafios exigem muito de nós. Mas a certeza, a perseverança, resistência física e emocional e a exigência comigo própria ajudaram-me sempre. Nos últimos sete anos a minha fonte de inspiração e força é a minha filha.
Para além de médica, a Cláudia Bernardo é também gestora e assume cargos de direção. Como é um(a) líder ideal, para si? Revê-se nessa imagem?
Ser diretora clínica da OPFC – Clínica Médica do PORTO é poder ser uma voz de motivação, de liderança na capacidade e habilidade de motivar, influenciar, inspirar e “comandar” um grupo de pessoas a fim de atingir os seus objetivos, neste caso objetivos de uma equipa EXPERIENTE, JOVEM E COMPETENTE. O meu lema é uma liderança por ideal, assim poderei criar um elo entre os colaboradores, os utentes, a cadeia de supply chain e o próprio líder. Revejo-me diariamente neste papel. Neste momento, ser diretora clínica da OPFC é uma das minhas maiores realizações profissionais e pessoais. Trabalho com uma equipa fantástica
Há cada vez mais mulheres a desempenhar profissões altamente qualificadas. Há também mais mulheres nas Universidades do que homens, já há muitos anos. No entanto, em cargos de liderança, continuam a ser uma minoria. Porque é que acha isto acontece?
A liderança no feminino é muito mais atenta ao detalhe e emocional, muito mais preocupada com a equipa a nível emocional, mais próxima do outro e com maior capacidade de gerar empatia. Somos assim capazes de criar uma relação de confiança, fazendo com que a equipa se sinta envolvida de forma mais natural e não por uma questão de obrigatoriedade. É preciso achatar a hierarquia nas empresas, elevar o nível emocional das equipas, envolver as pessoas nas decisões, ouvir a sua opinião e mantê-las dentro do processo, como peças fundamentais do sucesso. Acredito muito no poder das mulheres como líderes em todas as áreas. Temos uma inteligência emocional mais desenvolvida e esta característica é fundamental para trabalhar com pessoas.
A Clínica Médica do Porto, da qual é Diretora Clínica, acabou de mudar de instalações para a Avenida da Boavista. O que é que os seus utentes podem esperar deste novo espaço?
Este novo espaço foi pensado na totalidade para os utentes que podem vir a usufruir dos nossos serviços. Somos verdadeiramente “Uma Equipa dedicada a si e aos seus!” No presente, a aposta da OPFC – Clínica Médica do PORTO passa pela diferenciação nos seus serviços, seja através da Medicina Geral e Familiar (domicílio, presencial e vídeo consulta); Pneumologia, Pediatria, Psicologia Clínica, Nutrição Funcional, Desportiva e Clínica (focada também na Diabetes); Fisioterapia Respiratória e Pediátrica (domicílio e presencial); Fisioterapia, Saúde Pélvica (domicílio e presencial) e Podologia – Pé Diabético.
As novidades são a Consulta Multidisciplinar do Sono, Apoio Geriátrico Domiciliário e a Consulta Antitabágica. Dispomos ainda dos serviços de enfermagem (domicílio e presencial), realização de análises clínicas 12h/d, convenção com centro de Imagiologia e diagnóstico radiológico e ainda realização de testes SARS-CoV-2, quer os de antigénio rápidos quer os moleculares por RT-PCR com colheitas da nasofaringe ou saliva.
Depois de nos últimos dois anos a pandemia ter vindo abalar completamente as nossas vidas, como é que a Cláudia Bernardo olha para o nosso futuro, enquanto sociedade?
A nossa sociedade está muito abalada pós tanto tempo de pandemia. No presente, como clínica, encontro utentes revoltados, agressivos e deprimidos. Os culpados de todo o atraso das consultas “são os médicos”. Não sei que pensar, estive duas vezes infetada e em março / abril de 2020 vivi muito próxima da morte e foi assustador. Mas ao mesmo tempo acabou por ser fantástico porque o sentido da vida mudou bastante. As pessoas egoístas tornaram-se mais egoístas; as pouco sentimentais completamente egocêntricas. Espero que economicamente seja possível recuperar o mais possível. Preocupa-me a saúde mental dos jovens – crianças e adolescentes – pós confinamentos e isolamento social. Assim como as consequências de estar dois anos em casa, seja para profissionais ou estudantes. Quero acreditar que, daqui a alguns meses, a sociedade vai arrefecer as ideias e tirar partido desta partida que a pandemia nos pregou a todos.