O nosso património natural é o mais forte íman para descobrirmos o nosso território. Mas não basta. Há que criar modelos de negócio empresariais inovadores que gravitem à volta destes ativos. O ciclo de crescimento da atividade turística no país, cujos resultados até 2019 afirmavam o Turismo como o maior
setor exportador nacional, tem exigido um esforço continuo de investimento para que se alcancem patamares acrescidos de qualidade e de satisfação dos turistas. Por isso mesmo, o Turismo de Portugal lançou o programa Transformar Turismo, que visa justamente apoiar investimentos que assegurem condições para a contínua qualificação do destino, através, por exemplo, da regeneração e reabilitação dos espaços públicos com interesse e da valorização do património cultural e natural do país, promovendo, de igual modo, condições para a desconcentração da procura, para a redução da sazonalidade e, também, para a crescente criação de valor e de emprego no nosso interior. É assim que temos cultivado a relação entre o património natural e o desejável desenvolvimento dos territórios.
Hoje, Portugal conta com uma grande diversidade de oferta na área do Turismo Natureza, dispersa por todo o território, mas com uma forte implantação nas zonas do interior. Ao longo dos últimos anos, ao nível central, regional e dos privados, temos feito um grande esforço de investimento na criação de infraestruturas e dos serviços que permitam a fruição da natureza, como, por exemplo, o desenvolvimento de Áreas de Serviço para Autocaravanismo, de percursos pedestres e para bicicletas, ecopistas, praias fluviais e em barragens, assim como o incentivo a atividades na natureza, algumas mais ativas e aventureiras como por exemplo o rafting, a escalada, o slide ou voo livre, e outras mais passivas como a observação das aves, a observação da natureza ou dos astros e o balonismo entre muitas outras.
Entretanto, todos concordamos que a pandemia teve algumas consequências no turismo, nomeadamente no comportamento dos turistas, que procuram destinos menos massificados e mais sustentáveis, tendência que ajuda a que o nosso património natural possa ser um íman ainda mais forte de atração de procura. Ainda assim, não escondemos que há uma ameaça real de a sobrecarga turística em determinados destinos originar impactes negativos, designadamente de natureza ambiental e social. Por isso mesmo, estamos a trabalhar no diagnóstico das áreas de risco alterações climáticas, desertificação física dos solos, perda de biodiversidade – e na definição da carga turística dos territórios mais sensíveis, como seja o litoral, águas interiores e áreas classificadas. Para que Portugal continue a ser um dos destinos turísticos do mundo mais sustentáveis, competitivos e seguros do mundo, não restam dúvidas que há que planear e desenvolver atividades turísticas responsáveis!
Tenho plena convicção de que só desenvolvendo os nossos ativos, e simultaneamente zelando pela conservação do nosso património natural e pela integração das comunidades locais no negócio, é que
conseguiremos ser competitivos no Turismo Natureza e por essa via contribuir para que o turismo seja cada vez mais um motor do desenvolvimento da nossa economia, da nossa sociedade e de Portugal.
Rita Marques – Secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços