O bom senso e a moderação não têm tido muita saída nos últimos tempos, como se fossem conceitos “fora de moda”. É certo que a instabilidade que se vive atualmente, com a crise inflacionista, a guerra na Ucrânia, e o receio de novas falências no setor bancário não ajudam. Mas se há coisa de que a economia precisa é de estabilidade, e a economia não só números, gráficos e projeções. A Economia são as pessoas.
Todos nos lembramos bem da última crise, iniciada em 2008 com o “subprime” norte-americano, e que conduziu à entrada da “troika” em Portugal, em 2011, com o seu “programa de ajustamento”. Também nessa altura vários discursos inflamados contribuíram para um ambiente em que se chegou a gerar uma espécie de guerra geracional. Como se costuma dizer, “em casa onde não há pão…”
Atualmente vivemos também uma certa e talvez inesperada intranquilidade política interna. Em aparente resposta a perdas de popularidade, foram apresentadas medidas que têm gerado muita polémica, nomeadamente no âmbito do pacote da habitação. Não me cabe neste espaço tecer comentários sobre as medidas, mas não posso deixar de reparar nas expectativas que foram criadas e no ambiente conflituoso que se seguiu. Numa breve passagem pelas redes sociais, as quais se “incendeiam” facilmente, verificamos que há posições extremadas neste assunto, e que dificilmente levarão a qualquer consenso produtivo.
Pelo contrário, deparámo-nos com um consenso generalizado nos elogios ao empresário Rui Nabeiro, falecido este mês. Muitos destacaram a sua responsabilidade social, a sua capacidade exportadora, a defesa de um território raiano afastado dos grandes centros como é a sua terra, Campo Maior, e também a independência económica em relação ao Estado.
Essa independência económica é alcançada, em menor escala, por muitos empresários e profissionais liberais portugueses. Muitas pessoas, também elas com um rosto e uma história que, muitas vezes, se vêm na necessidade de pedir somente que “as deixem trabalhar”. Cansadas de lutarem contra a burocracia, contra a incerteza fiscal e legislativa, mas que não baixam os braços nem o podem fazer – é do seu trabalho que vivem, do seu investimento, da sua capacidade empreendedora.
No nosso trabalho, neste equilíbrio difícil entre dizer algo com relevância sem ferir suscetibilidades, a valorização dos nossos empresários e das nossas empresas está nos nossos princípios editoriais. Sabemos que ao fazê-lo estamos a defender a nossa economia e, volto a repeti-lo, a Economia são as pessoas!