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Seia, destino de percursos de montanha

A Serra da Estrela é a maior montanha de Portugal Continental e tem-se afirmado cada vez mais como destino de elevada aptidão para o turismo de natureza e desportos de aventura. E Seia não é exceção, beneficiando desta imponência natural.

Alojado no setor sudoeste, o concelho de Seia desenha-se por entre vales, planaltos e várzeas que, no seu conjunto, formam paisagens diversificadas, proporcionando experiências singulares, enriquecidas pela cultura e vivências locais. Neste contexto, os percursos pedestres apresentam-se como uma das principais formas de conhecer este território, as suas tradições e cultura. O relevo acidentado, o gradiente altitudinal amplo e os contrastes climáticos, proporcionam uma diversidade significativa de paisagens e de desafios para explorar nas quatro estações do ano.

A Rede Municipal de Percursos Pedestres do Concelho de Seia conta com 16 percursos de pequena rota, abrangendo mais de 200 km, por entre uma rede de Caminhos que percorre as ancestrais Aldeias de Montanha, desde o sopé (300 metros) ao topo do continente (1993 metros). Os trilhos estão todos interligados pela Grande Rota das Aldeias Históricas (GR22) que atravessa o concelho, na ligação entre Linhares e Piódão.

Os circuitos cicláveis, cuja infraestrutura de apoio (Centro de BTT) se situa na aldeia de Santa Comba de Seia, compreende 150 km de rotas de diferentes altimetrias, desde as zonas mais montanhosas às faldas da serra da Estrela.

O relevo é vigoroso e as paisagens são desafiantes e inspiradoras.

Traçados em zonas de diversidade singular, aqui é possível experimentar climas com características que vão do Mediterrâneo às regiões Alpinas.  

A Rota da Garganta de Loriga (PR5 SEI) liga o planalto superior da Serra da Estrela à vila de Loriga e é um dos percursos mais procurados. A caminhada é exigente, mas a paisagem marcada por múltiplos vestígios glaciários, compensa o esforço com momentos de profunda comunhão com a natureza, exclusiva dos ambientes de montanha.

No sopé da serra, na transição entre as serras da Estrela e do Açor, encontramos a aldeia de Vide. A partir desta aldeia ribeirinha é possível iniciar um conjunto de rotas que acompanham alguns dos mais imponentes vales da serra da Estrela. Neste conjunto de rotas, de que se destacam as Rota da Ribeira dos Meandros (PR1 SEI), Rotas da Ribeira de Loriga e Ribeira de Alvoco, evidencia-se uma paisagem cultural marcada por amplas áreas de socalcos e um dos mais vastos regadios tradicionais em Levada da Serra da Estrela.

Outro aspeto singular destes vales são os Poços de Broca e as imponentes cascatas que lhes estão associadas. Datados dos séculos XVIII e XIX, estes poços correspondem a obras hidráulicas para desvio da água e melhor aproveitamento dos solos para o cultivo, sendo exclusivos das ribeiras de Alvoco e de Loriga.

Em Alvoco da Serra, aldeia mais próxima da Torre, destacam-se dois percursos que no passado eram usados na transumância

Na pitoresca aldeia de Cabeça, que em dezembro se transforma em Aldeia Natal, o caminho percorre uma paisagem eminentemente rural repleta de socalcos que dão nome à rota (PR3 SEI). Mais a sul, na Teixeira, a Rota da Missa segue por um caminho antigo que atravessa o vale da ribeira da Teixeira e termina no poço de broca do Aguincho. O casario e muros em xisto, o lagar de vara da Teixeira e os alambiques, para destilação do medronho, são os aspetos mais peculiares deste percurso.

Em Alvoco da Serra, aldeia mais próxima da Torre, destacam-se dois percursos que no passado eram usados na transumância por pastores e rebanhos que subiam no verão aos prados de altitude da serra. Formando uma rede intrincada de caminhos murados, a Rota das Canadas percorre um amplo anfiteatro natural, alojado no sopé da vertente sul da serra.

A Rota do Pastoreio (PR14 SEI) liga a aldeia à Torre e é reconhecida pela dificuldade e espetacularidade do seu trajeto, oferecendo amplas vistas sobre a região Centro. Neste itinerário, numa extensão de apenas quatro quilómetros é possível subir 1000 metros, sendo um dos poucos percursos no país onde se pode vencer este desnível, daí ser designado de quilómetro vertical, altamente recomendado para quem prática trail.

Para o público mais interessado na geologia e do passado mineiro da região, as antigas minas de volfrâmio e estanho dos vales da vertente sudoeste datam da segunda do período da segunda guerra mundial e constituem o momento mais marcante da Rota do Volfâmio, em Sazes da Beira, e da Rota das Minas do Círio, em Valezim.

Mais a norte, na Rota da Caniça (Lapa dos Dinheiros), a água é um elemento de presença constante. Neste itinerário, recomendado para todas as estações do ano, destacam-se o Souto da Lapa, formado pelo denso bosque de castanheiros de idade secular, as quedas de água da Caniça, a curiosa formação rochosa dos Cornos do Diabo e o Buraco do Sumo, onde a ribeira corre por entre enormes blocos de granito.

Acima dos 1000 metros de altitude, com início no Sabugueiro, uma das aldeias mais altas de Portugal, recomenda-se a Rota do Vale do Rossim, que faz a ligação a uma das mais populares zonas balneares da Serra da Estrela. Com início nesta Aldeia de Montanha, sugere-se ainda a Rota da Fervença, um percurso familiar que se desenvolve em redor desta localidade, proporcionando a visita ao Covão do Urso e à Cascata da Fervença.

No sopé da montanha, com início na cidade de Seia, encontramos o mais recente percurso, a Rota do Rio Seia. Pedonal e ciclável, é um itinerário de 15,6 km que cruza o vale deste rio. No trajeto, além de uma flora e fauna ricas e abundantes, encontram-se uma paisagem granítica vigorosa, cuja travessia é possibilitada por um conjunto de passadiços em madeira.

O local ideal para iniciar a descoberta dos encantos e recantos da serra é o CISE- Centro de Interpretação da Serra da Estrela. É aqui que encontra tudo o que precisa para organizar a sua visita à montanha, desde informação sobre os percursos pedestres à biodiversidade, cultura e tradições locais.

Também é possível conhecer melhor as rotas e os caminhos no website www.visitseia.pt.

Mas, o melhor, é mesmo vir cá.

O corpo de máquinas do Museu Natural da Electricidade e o seu painel de comando são verdadeiros tesouros do património industrial

TURISMO INDUSTRIAL

Visitar Seia também é uma oportunidade para conhecer os locais e as experiências associados à indústria viva e ao património industrial do território. A este respeito, em Seia destacam-se o Museu Natural da Electricidade e as Malhas Pinto Lucas, aderentes da Rede Portuguesa do Turismo Industrial.

O Museu Natural da Electricidade foi inaugurado em 2011 e está situado na Senhora do Desterro – São Romão, a 800 metros de altitude. Este espaço museológico nasce a partir da centenária Central da Senhora do Desterro, e pretende divulgar o património tecnológico, natural, social e cultural que lhe está associado.

Com ampliações sucessivas, esta central manteve-se em atividade até meados dos anos noventa. O seu corpo de máquinas e o seu painel de comando são verdadeiros tesouros do património industrial que enquadram uma exposição permanente acerca da eletricidade, dos recursos hídricos da serra da Estrela e das energias renováveis em Portugal.

O museu alicerçou a sua exposição permanente nos equipamentos que durante décadas permitiram o seu funcionamento. Aqui, podemos tomar contacto com o processo de produção da central, compreendendo o funcionamento dos quatro grupos geradores equipados com turbinas Pelton, do painel do comando, da conduta, do canal de restituição da água ao rio Alva, e também, com diversas ferramentas de apoio usadas na manutenção das máquinas.

Junto ao Museu funciona a Central Hidroeléctrica da Senhora do Desterro II, construída em 1959, cujas turbinas continuam a produzir eletricidade a partir da hulha branca.

Horário:
Terça-feira a domingo, das 10h às 18h
De outubro a março funciona das 10h às 16h
Telefone: 238 082 015

http://www.cm-seia.pt/