Na Póvoa de Lanhoso, o Caminho revela-se em paisagens ancestrais, aldeias que guardam a arte da filigrana e até na travessia de uma ponte medieval. Entre a natureza exuberante e a história milenar, o peregrino encontra aqui sabores únicos e a imponência do Castelo de Lanhoso, numa etapa inesquecível pelo coração do Minho.
Ao entrar no concelho da Póvoa de Lanhoso, o peregrino é envolvido por um carvalhal, frondoso e mágico, que protege o caminho secular muito bem delimitado por muros adornados de musgo e polvilhado com os característicos lajeados polidos, sinal inequívoco do uso intensivo desta via que tem acesso direto à ponte medieval da Esperança ou Mem Guterres, erigida num manto de misticismos e lendas associadas ao Diabo, à fertilidade e ao batismo nas águas do rio Ave. Um pouco mais à frente, o itinerário atravessa Sobradelo da Goma e Travassos, duas freguesias museu onde ainda subsiste um importantíssimo núcleo de oficinas tradicionais responsáveis pela preservação da arte e técnica da filigrana, tudo em perfeita simbiose com as águas calmas e cristalinas da albufeira das Andorinhas.
Já na União de Freguesias de Fontarcada e Oliveira, o peregrino pode fazer uma pausa para deliciar-se com os Charutos, doce típico das terras de Lanhoso, enquanto recua até ao século XIII numa visita à imponente Igreja Românica de Fontarcada, outrora de apoio aos monges beneditinos e palco da importantíssima Revolta da Maria da Fonte, símbolo feminino na luta pela defesa e valores de uma comunidade. Daqui, rapidamente chega à vila da Póvoa de Lanhoso.
Na sede de concelho, o viajante é confrontado com as marcas indeléveis dos antepassados perfeitamente harmonizadas com a modernidade de uma vila que goza da centralidade minhota e de uma gastronomia ímpar. É neste contexto que se recomenda uma paragem mais prolongada que o habitual para degustar o Cabrito à S. José (mediante marcação prévia) bem regado com os vinhos verdes brancos ou tintos, amplamente premiados, para depois se adoçar o paladar com as Rochas do Pilar, doce típico que representa o maior monólito granítico da Península Ibérica, o Monte do Pilar. A rematar este batólito granítico encontra-se o Castelo de Lanhoso que, na condição de vigilante e guardião das memórias de um povo, é mencionado nas crónicas da viagem de Leon de Rosmithal quando passou pelas terras povoenses.
Ainda antes da saída do concelho, nas freguesias de Lanhoso, Geraz do Minho, Ferreiros e Covelas, o peregrino pode calcorrear o traçado milenar da via romana XVII, um dos mais importantes eixos viários entre Bracara Augusta (Braga) e Asturica Augusta (Astorga, Espanha), e contemplar a imensidão do vale fértil do rio Cávado.
No concelho da Póvoa de Lanhoso, o percurso tem aproximadamente 25 quilómetros de extensão capazes de absorver o peregrino na singularidade das paisagens, na recetividade de um povo e de o deixar surpreendido com a monumentalidade e importância do património edificado que acompanha o Caminho Português de Santiago de Leon de Rosmithal.