Sábios e criadores de uma cultura eterna, os Romanos inspiraram-se no seu deus Janus para criar o primeiro mês do ano. Janus (ou Jano) é facilmente reconhecível nas suas representações por ter dois rostos, um voltado para a frente e outro para trás, olhando assim para o futuro sem tirar também os olhos do passado. Curiosamente, quando foi criado este mês, o ano começava em março e tinha apenas dez meses, terminando em (dez)embro.
Mas, regressando a Janus, este é o protetor das entradas e saídas, dos princípios e dos fins, o que o enquadra na perfeição neste que é, há séculos, o primeiro mês do ano. Muitos de nós dar-se-ão conta de uma sensação muito semelhante à da cabeça deste deus, nesta altura. Enquanto uma parte dos nossos pensamentos se baseia no balanço do ano que passou, da década que vai a meio, ou do quarto de século que dobramos agora, a outra parte estará sempre a olhar para o que aí vem.
Entre as clássicas abordagens às expectativas – as mais pessimistas e as mais otimistas – há naturalmente muitas nuances, onde cada um se colocará, de acordo com a sua personalidade, fase da vida, posicionamento ideológico e tantos outros fatores em confronto. Neste início de 2025, nem os mais distraídos ou alheados do que se passa no mundo ficarão indiferentes às profundas mudanças a que vamos assistindo, e ao prenúncio de tantas outras.
Sabemos que a incerteza é sempre inimiga do crescimento económico, afasta o investimento, e dificulta muito qualquer estratégia a médio ou longo prazo. É nesta realidade que vivemos, e é a ela que teremos sempre de nos saber adaptar.
A nossa capa desta primeira edição do 2025 leva-nos para um cenário onde toda esta instabilidade parece desaparecer. Falamos de Sustentabilidade e de Turismo, claro, uma das atividades económicas que tem demonstrado, no nosso país, mais resiliência e capacidade de reinvenção nos últimos anos. Já o referi várias vezes, até pela pertinência que o tema tem nas nossas edições, para Portugal este setor é mais do que um pilar económico. Acredito mesmo que é um reflexo da nossa identidade, da hospitalidade que também nos define enquanto povo. Dos centros históricos das grandes cidades às aldeias recônditas do interior, das praias atlânticas às florestas e montanhas do interior, cada recanto deste país é mesmo um convite à descoberta constante.
Através de vários projetos, que acompanhamos com interesse e dos quais vamos dando conta nas nossas páginas, há um esforço coletivo para valorizar e preservar os vários patrimónios que nos tornam um destino tão apetecível, contribuindo para o fortalecimento das comunidades locais.
É assim, em plena “época baixa” e contrariando a sazonalidade, que lançamos a nossa primeira edição deste ano, naquele que é apelidado por muitos como “o maior mês do ano”. Numa revista como a nossa faz sempre sentido exaltar todos(as) aqueles(as) que, nas mais variadas áreas, contribuem diariamente para o progresso do país. É isso que pretendemos continuar a fazer, ao longo deste ano, invocando a resiliência de que já falei, sempre com a ajuda da energia criativa que nos permita adaptarmo-nos da melhor forma a todas as evoluções.