Portugal caminha para um novo recorde em número de visitantes e receitas turísticas em 2025, reforçando a sua posição como destino global. Mas o setor enfrenta desafios estruturais e procura reinventar-se, apostando na sustentabilidade, inovação e descentralização para garantir um crescimento equilibrado e de qualidade.
O turismo nacional mantém um ritmo de crescimento moderado, mas consistente, com o setor do alojamento a registar 5,7 milhões de hóspedes e 13,4 milhões de dormidas no primeiro trimestre de 2025, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Comparando com o mesmo período de 2024, o número de hóspedes aumentou 2,3%, enquanto as dormidas tiveram uma ligeira descida de 0,5%, influenciada pelo calendário da Páscoa, que este ano caiu em abril e no ano anterior maioritariamente em março. Ainda assim, os proveitos do setor cresceram quase 5%, ultrapassando os 950 milhões de euros só nos primeiros três meses do ano.
Em abril de 2025, as estatísticas confirmam a tendência positiva: 2,9 milhões de hóspedes e 7,1 milhões de dormidas, com crescimentos de 8,5% e 9,2% face a abril de 2024. O mercado internacional continua a dominar, representando cerca de 68% das dormidas, embora este seja o valor mais baixo desde o terceiro trimestre de 2022. A Madeira destaca-se como a região mais dependente do turismo internacional, com 85,2% das dormidas, seguida do Algarve, com 81,2%. Em contraste, o Centro e o Alentejo apresentam os níveis mais baixos de dependência externa, abrindo espaço para o crescimento do turismo interno e de nicho.
A Grande Lisboa mantém-se como o principal destino turístico do país, concentrando 28,3% do total de dormidas, seguida do Algarve (18,6%) e do Norte (18%). Lisboa também lidera nos proveitos, com mais de um terço do total nacional. As previsões para o ano apontam para cerca de 33 milhões de hóspedes e entre 75 e 81 milhões de dormidas, com receitas turísticas a ultrapassar os 27 mil milhões de euros em 2024 e a crescer cerca de 9% em 2025.
O turismo internacional representa cerca de 70% das dormidas, com os mercados do Reino Unido, Espanha, França, Alemanha e Estados Unidos a liderarem. O crescimento do turismo de bem-estar também merece destaque, com Portugal a posicionar-se como o 12.º destino global neste segmento, segundo o Mastercard Travel Trends Report 2025.
O desafio agora é gerir o crescimento, evitar o overtourism nos grandes centros urbanos e apostar na formação e qualificação dos profissionais do setor. A descentralização e a valorização de experiências autênticas e sustentáveis são caminhos inevitáveis para garantir que o turismo português continue a crescer, mas de forma equilibrada e responsável.