Destaque Saúde e Bem-Estar

“Pela primeira vez, o corpo é compreendido em vez de corrigido à força”

Depois de anos a narrar os acontecimentos mais relevantes da atualidade, o seu corpo falou mais alto. O burnout pôs fim à carreira no jornalismo, mas abriu caminho para uma escuta mais humana. Foi assim que Fredy Vinagre fundou a Clínica Biofeedback, um espaço onde a ciência permite que o corpo volte a ser ouvido e a ansiedade ceda lugar ao equilíbrio e à compreensão.

Ao longo da sua trajetória, deixou para trás o ritmo acelerado do jornalismo e encontrou, no silêncio atento das salas de terapia, um novo caminho. O que despertou em si essa mudança de propósito?

Deixei o jornalismo porque me fartei de ser pago para escrever sobre o pior da humanidade. Um burnout empurrou-me para um novo rumo: cuidar. Há mais de 20 anos que ajudo pessoas a reencontrar o equilíbrio. Hoje, escrevo novas histórias, de equilibro, silêncio e transformação.

Essa mudança foi visceral. Estava esgotado de viver em modo sobrevivência, de ver pessoas despedaçadas por dentro e tratadas como números. Foi aí que o biofeedback me salvou. A escuta deixou de ser externa — passou a ser interna. Utilizando uma ferramenta com base científica para potenciar equilíbrio, foco e recuperação, trabalho com um equipamento certificado com marca CE — o Mandelay Q9 — que representa o que há de mais avançado nesta área. Sou representante oficial da marca em Portugal.

Atualmente, dedica-se a uma área ainda pouco conhecida, mas que promete transformar profundamente a vida daqueles que a praticam. Para quem nunca ouviu falar de biofeedback, como explicaria a abordagem da sua clínica de forma simples e acessível?

De uma forma muito simples. O biofeedback é como uma “fisioterapia” ao sistema nervoso central. E porque precisamos de trabalhar o sistema nervoso central? Porque há momentos em que o corpo grita em silêncio. O coração acelera sem razão aparente, o estômago fecha-se, o sono foge. Chamamos-lhe stress, ansiedade, cansaço — mas na verdade é o corpo a pedir ajuda. O biofeedback é a resposta que muitos procuram sem saber.

Com uma tecnologia delicada, o mais belo no biofeedback é que ele não impõe, ensina. O corpo aprende a relaxar, a recuperar, a reagir com inteligência. Ao invés de suprimir sintomas, revela as suas origens e convida ao equilíbrio. Sessão após sessão, o paciente redescobre a serenidade do sistema nervoso, o pulso firme da vitalidade e a confiança de voltar a habitar o seu corpo com paz. Muitos descrevem-no como “voltar a si mesmos” — como se tivessem estado ausentes durante anos.

E talvez seja isso mesmo: o biofeedback é um reencontro. Com a saúde, com a escuta interior, com a sabedoria biológica que nunca se perdeu — apenas se calou.

Vivemos tempos em que o corpo fala, mas nem sempre é ouvido. Muitas vezes, só reparamos nos sinais quando já é tarde. De que forma o biofeedback pode contribuir para a prevenção e o tratamento da saúde física e mental?

Quando escutamos o corpo antes de ele gritar, prevenimos muito. Já vi melhorias em insónias, enxaquecas, desequilíbrios hormonais, ansiedade e até problemas digestivos ligados ao stress. O biofeedback atua diretamente sobre o sistema nervoso autónomo, devolvendo ao corpo a capacidade de se curar.

Apesar dos resultados práticos evidentes, ainda existe uma resistência significativa em relação a estes métodos, muitas vezes resultante da desinformação ou de preconceitos. Poderia partilhar alguns exemplos que o tenham marcado e reflitam o verdadeiro alcance desta terapia?

Vi a esperança regressar a centenas de pessoas, na ansiedade, na menopausa, na dor e nas alergias. Uso um sistema certificado, com código validado na Ordem dos Médicos. Não é qualquer aparelho: é ciência posta ao serviço do bem estar com rigor e coração. Uma paciente com 43 anos, em plena menopausa, voltou a dormir depois de meses de insónia. Outra, com crises de ansiedade diárias, recuperou a autonomia em poucas semanas. Atendo também empresários com burnout, mães exaustas, crianças com TDAH e atletas em alto rendimento.

Muitos pacientes descrevem as sessões de biofeedback como um “voltar a si mesmos”, um reencontro interior. Acredita que esta reconexão com o corpo e com a calma é algo que ainda estamos a aprender enquanto sociedade?

Sim, estamos a reaprender a voltar a nós. O biofeedback não impõe, convida. Convida-nos a abrandar, a respirar e a sentir. Muitos pacientes descrevem este reencontro como regressar a casa. E é isso: a saúde começa dentro. Numa sociedade que valoriza o fazer e esquece o ser, o biofeedback oferece um espaço de escuta ativa e profunda. A tecnologia que usamos permite que o paciente veja — em tempo real — como o seu corpo reage ao stress… e como pode transformá-lo. Esta é a nova alfabetização do bem estar: aprender a sentir, antes de adoecer. A reconexão não é um luxo — é uma urgência colectiva.

Apesar de ter deixado o jornalismo, nunca se afastou da escrita, querendo agora usá-la ao serviço da saúde integrativa, da mente humana e do poder da autorregulação. Que aspetos desta área sente urgência em comunicar? E, na sua visão, que mudanças ainda julga necessárias?

Ainda existe muita confusão entre o que é científico e o que é sensacionalista. O biofeedback é baseado em dados objetivos, fisiológicos, mensuráveis. Quero comunicar isso: que é possível cuidar complementando métodos tradicionais. Quero ver escolas com biofeedback, empresas com programas de prevenção, e mais médicos abertos à integração de terapias reconhecidas. A saúde do futuro é colaborativa, personalizada e educacional.

A escrita nunca saiu de mim. Agora serve outro propósito: informar, inspirar, transformar. Lancei 7 ebooks sobre saúde natural e stress. Quero ensinar que há caminhos de cura reais, acessíveis e com base científica. Está tudo em www.clubefredyvinagre.com.

A verdadeira saúde, ou saúde ideal, talvez não resida na meta, mas na transformação que ocorre ao longo de um caminho de reconexão e consciência. Se pudesse deixar uma mensagem a quem procura o bem-estar, por onde sugeriria começar?

Se estás perdido, começa por te escutar. Não esperes cair para pedires ajuda. Procura um espaço onde possas ser ouvido — inclusive por ti mesmo. A verdadeira saúde não é uma meta, é um caminho. E cada passo consciente que dás é uma vitória.