O património português tem características singulares que resultam da História do país e da identidade de um povo aberto ao mundo. Resta preservar e explorar essa imensa riqueza que tanto pode ser encontrada numa paisagem cultural, num centro histórico de uma cidade ou numa tradição de uma pequena aldeia.
“Um inestimável valor cultural” é o que eleva um bem a património. Quem o diz é a Direção-Geral do Património Cultural, entidade responsável pelas suas regras de classificação e proteção. Podemos estar a falar do fado, da paisagem do Alto Douro Vinhateiro ou do que comemos se formos apreciadores da dieta mediterrânica, declarada Património Imaterial da Humanidade em 2013.
Mas para que a nossa memória coletiva seja preservada é importante que seja fruída. Um estudo pioneiro publicado em 2020 avaliou o valor económico e social do sector do património cultural em Portugal e concluiu que os visitantes de património em Portugal são, em mais de 70%, estrangeiros. Para que este recurso consiga gerar mais riqueza seria importante que os potenciais quase 10 milhões de portugueses estivessem mais mobilizados para conhecer o que, afinal, é seu. O turismo cultural é o segmento que está a crescer mais rapidamente na Europa e, sendo Portugal virado para este setor, e tendo um património tão diverso, a sua valorização devia começar por nós.
Em Portugal, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) efetuou 17 classificações de Património Mundial, entre as quais Elvas e a maior fortificação abaluartada do mundo, com cerca de 10 quilómetros de perímetro e uma área de 300 hectares. Há outras 16 classificações entre sítios arqueológicos, centros históricos, paisagens culturais e parques naturais. A inclusão nesta lista é um processo exigente e começa com a nomeação pelo país onde está localizado. A nomeação é depois examinada por peritos internacionais que decidem se se justifica a inclusão na lista. Depois, um comité composto por 21 estados eleitos exerce o seu voto.
O Património Mundial “mostra a diversidade de culturas e fenómenos naturais que são a evidência do elo tangível que existe entre os seres humanos e a natureza. A designação de Património Mundial contribui para a preservação destes sítios e para a troca cultural, diálogo, e paz de uma forma sustentável”, explica-se no site da UNESCO. Aliás, a ideia da manutenção da paz está subjacente à criação da organização, onde Portugal participou primeiro como observador entre 1955 e 1965 e, depois de sair por causa da guerra colonial e do regime político de então, regressou em 1974. Em 26 de junho de 1975 foi estabelecida a Missão Permanente de Portugal junto da UNESCO e, em Julho, foi nomeada Embaixadora a Engenheira Maria de Lourdes Pintasilgo.
Nas suas viagens pelo país é possível que encontre referências a Monumento Nacional, Imóvel de Interesse Público e Imóvel de Interesse Municipal – afinal património é um “chapéu” onde cabem muitas designações e algo presente em muitas terras do país. Quando for o caso, pense que é algo seu. Pode também ler a nossa revista e explorar lugares que enchem de orgulho tantos portugueses.