Quem visitar a Casa-Museu José Pedro, em Sacavém, Loures, vai seguramente dar asas à imaginação e sentir que acabou de entrar no País das Maravilhas. A visita aos jardins transporta-nos para o imaginário de um artista único que desde cedo mostrou talento e engenho na arte de moldar o barro.
Artista singular e com um vasto talento, José Pedro foi um autodidata e um modelador na famosa Fábrica de Loiça de Sacavém. A Casa-Museu é um prolongamento do seu projeto de vida, instalada no terreno que o artista adquiriu em 1939. “Ele comprou o terreno com o sonho de criar algo aqui um dia mais tarde. Nos anos 60 do século XX abriu o Museu Particular de Arte e Floricultura”, começa por explicar Jorge Aniceto, historiador da Câmara Municipal de Loures. Homem apegado às suas raízes, à casa, à arte, à fábrica, José Pedro tinha peças modernistas, que mostram o seu caráter multifacetado.
Inaugurada em 2005, no local de residência do ceramista, a Casa-Museu destina-se a preservar o espólio cerâmico que o artista foi criando ao longo de 50 anos de vida artística, constituído, sobretudo, por figuras religiosas (maioria) e populares, catedrais, igrejas, pelourinhos, cruzeiros, casa portuguesa e construções imaginárias para o jardim. O artista manifestou a escolha de manter a coleção junta e o município de Loures cumpriu-lhe a vontade. “A partir do acervo documental, que está à guarda do Museu de Cerâmica de Sacavém, as pessoas podem fazer a investigação sobre este artista.” A somar às peças, é possível aceder aos desenhos, fotografias, documentos pessoais, catálogos, exposições e publicações de livros onde se inspirou.
Dono de um talento inquestionável e com uma personalidade acarinhada, José Pedro gera interesse em preservar a sua obra. “Temos elementos da família que, ocasionalmente, nos vão fazendo uma visita e vão doando peças à Casa-Museu. Isso mostra o interesse e a vontade de continuar a preservar a sua memória”, assegura o historiador.
Homem que vivia para a sua arte e para a natureza, chamou ao jardim “Museu Particular de Arte e Floricultura”, uma das suas obras mais importantes. Os animais são outra das paixões de um homem de “espiritualidade e de respeito pela natureza e pela vida”.
Inspiradas em algumas peças do artista, a Casa-Museu oferece uma vez por mês atividades dirigidas às famílias. “Damos a conhecer, também às crianças, o potencial que elas têm enquanto artistas. Aqui temos as formiguinhas, que eram uma das paixões de José Pedro, o hotel das formigas, o presépio, a aldeia dos cogumelos, os passos das tartarugas, e é tudo isto que nós desenvolvemos nas manhãs da família do jardim encantado”, conta-nos Ingrid Quintans (serviço educativo). A ideia, garante Jorge Aniceto, é alimentar e manter a obra de José Pedro viva. “Vamos renovando as exposições e tratando de novos temas. Neste momento temos três brochuras, uma dedicada à mostra documental dele, outra dedicada à vida e obra, e uma outra que é uma exposição temporária.”
Aberta aos sábados, as visitas à Casa-Museu são gratuitas das 10 às 13 e das 14 às 18h, em horário de verão e às 17h em horário de inverno. Quem quiser também pode percorrer o arquivo pessoal do ceramista e escultor no Centro de Documentação do Museu de Cerâmica de Sacavém