As bolsas e as matérias-primas voltam a afundar devido ao crescendo da guerra comercial entre os Estados Unidos da América e a China. Investidores refugiam-se nos títulos de dívida soberana, levando os juros de Portugal a 10 anos para mínimos históricos.
As bolsas europeias, incluindo a praça portuguesa, estão sob forte pressão após a súbita escalada das tensões comerciais, depois de Donald Trump ter anunciado novas tarifas sobre as importações chinesas e de Xi Jinping ter contraposto com uma desvalorização do yuan e um corte nas importações de produtos agrícolas norte-americanos.
Pequim desvalorizou a sua moeda, o yuan, para níveis que não eram vistos há mais de uma década, quebrando a “barreira psicológica” de 7 para 1. Pela primeira vez desde 2008 são necessários mais de 7 yuans para comprar um dólar, sendo que com esta medida o Governo chinês auxilia as exportadoras do país, que estão a ser castigadas pelas tarifas dos Estados Unidos. Paralelamente, a China optou por reduzir as importações agrícolas provenientes dos Estados Unidos, contrariando a promessa anterior de as aumentar. Numa altura em que os investidores esperavam notícias favoráveis vindas das negociações comerciais entre os dois países, isso não aconteceu. As bolsas asiáticas afundaram para mínimos de um mês antes da abertura das praças europeias. Os futuros de Wall Street apontam para perdas entre 1,2% e 1,7%.
Em Lisboa o PSI-20 acompanha o movimento negativo e desvaloriza 1,17% para 4.846,64 pontos. O índice português está a ser pressionado pelas desvalorizações dos principais pesos pesados, com destaque para o BCP e Galp Energia, que perdem mais de 1%.
A instabilidade nos mercados acionistas está a reforçar o movimento de fuga dos investidores para o mercado de obrigações, até porque o agravamento da guerra comercial poderá pressionar os bancos centrais a intensificar as medidas de política monetária expansionistas, o que é favorável para os títulos de dívida.
A yield das obrigações do tesouro a 10 anos está a ceder 2,2 pontos base para 0,2590%, tendo atingido um novo mínimo histórico nos 0,2511. O spread face à dívida alemã mantém-se próximo dos 80 pontos base, uma vez que o juro das bunds também está em mínimo histórico.
A taxa das obrigações alemãs a 10 anos está a recuar 2,5 pontos base para -0,524%, já para lá do nível que os investidores apontam que estará a taxa dos depósitos do BCE depois da mexida prevista para setembro.
A tendência de descida é generalizada em toda a dívida soberana europeia. Os títulos espanhóis a 10 anos negoceiam com uma yield de 0,216%, menos 2,2 pontos base do que na sexta-feira.