Os cientistas John B. Goodenough, M. Stanley Whittingham e Akira Yoshino foram distinguidos pelo “desenvolvimento das baterias de iões de lítio”.
“As baterias de iões de lítio são usadas globalmente para alimentar os equipamentos eletrónicos portáteis que usamos para comunicar, trabalhar, estudar, ouvir música e pesquisar conhecimento”, refere a Academia Real Sueca de Ciências no anúncio feito esta quarta-feira, 9 de outubro.
O trabalho dos três químicos também permitiu “o desenvolvimento de carros elétricos de longo alcance e o armazenamento de energia de fontes renováveis, como energia solar e eólica”.
A base da bateria de iões de lítio foi lançada durante a crise do petróleo na década de 1970. Stanley Whittingham trabalhou no desenvolvimento de métodos que poderiam levar a tecnologias de energia sem combustível fóssil e descobriu um material extremamente rico em energia, que usou para criar um cátodo (elétrodo negativo de uma fonte elétrica de alimentação) inovador numa bateria de lítio.
John Goodenough previu que o cátodo teria um potencial ainda maior se fosse fabricado usando um óxido de metal em vez de um sulfeto de metal. Depois de uma pesquisa sistemática, em 1980 ele demonstrou que o óxido de cobalto com iões de lítio intercalados pode produzir até quatro volts. Este foi um avanço importante que levaria a baterias muito mais poderosas.
Já Akira Yoshino, partindo do cátodo de Goodenough como base, criou em 1985 a primeira bateria comercialmente viável de iões de lítio. O resultado foi uma bateria leve e resistente que poderia ser carregada centenas de vezes antes que se deteriorasse.
A vantagem das baterias de iões de lítio é que não são baseadas em reações químicas que ‘partem’ os elétrodos, mas em iões de lítio que fluem para a frente e para trás entre o ânodo e o cátodo.
Desde que estas baterias entraram no mercado, em 1991, “revolucionaram as nossas vidas”, justificou a Academia Real de Ciências da Suécia ao atribuir o Nobel da Química, já que “lançaram as bases de uma sociedade sem fios e livre de combustível fóssil e são de grande benefício para a humanidade”.
No ano passado, o Nobel da Química tinha sido entregue aos norte-americanos Frances H. Arnold e George P. Smith e ao britânico Gregory P. Winter devido aos trabalhos que operaram uma “revolução” no laboratório, permitindo, entre outros, a produção de medicamentos vitais na área da saúde.