Foi um dois-em-um. Depois de, no ano passado, não ter sido atribuído Nobel de Literatura devido a um escândalo sexual e financeiro que envolveu o marido de um elemento da Academia Real e abalou a reputação da instituição, foram agora anunciados os vencedores de 2018 e 2019.
O Prémio Nobel de Literatura para 2018 foi concedido à escritora polaca Olga Tokarczuk “por uma imaginação narrativa que, com paixão enciclopédica, representa o cruzamento de fronteiras como uma forma de vida”, justificou a Academia Real de Literatura da Suécia.
Já o prémio deste ano de 2019 foi para o autor austríaco Peter Handke “por um trabalho influente que, com engenhosidade linguística, explorou a periferia e a especificidade da experiência humana”.
Quanto à polémica, remonta a novembro de 2017, quando, entre a campanha de denúncias de abusos sexuais #MeToo, 18 mulheres revelaram, de forma anónima, no jornal diário ‘Dagens Nyheter’, abusos cometidos pelo dramaturgo Jean-Claude Arnault – ligado à academia através do seu clube literário e marido de um dos seus membros, Katarina Frostenson -, em instalações pertencentes à Academia Sueca. Seguiram-se depois várias demissões e renovação quase total dos elementos do júri.
Agora, os responsáveis estão confiantes que o prémio poderá ajudar a recuperar a imagem da instituição, com o secretário da Academia, Anders Olsson, a apostar numa escolha que evite a perspetiva “eurocêntrica” e “orientada para homens”, que dominou as escolhas do júri no passado.
O histório do Nobel da Literatura pode ser consultado na página oficial.
E assim venceu uma mulher e um homem, muito tocado pela vivência da guerra entre os seus familiares.
Leia acerca de Toni Morrison – a primeira mulher negra a vencer o Nobel da Literatura.