O restaurante O Pescador da Praia da Vitória foi inovador no arquipélago nos pratos de peixe e marisco que tem servido desde o início, há já três décadas. Em ementa que ganha, não se mexe, e esse é o mote do proprietário José Almerindo Costa.
Quando O Pescador abriu portas, em 1989, sendo um dos mais antigos dos Açores, foi uma completa novidade. Criado por um casal de Sesimbra, que foi para a ilha Terceira por causa da pesca, o restaurante “veio inovar a restauração na ilha e no arquipélago. Temos pratos clássicos e sobremesas que se mantêm há 31 anos. Não se faziam naquele tempo nos Açores, como a açorda de marisco, as cataplanas (diferentes das do continente, porque levam natas), peixe fresco, arroz de marisco, bifes com vários molhos (tudo carne açoriana). Na altura era uma inovação. Até vinham de São Miguel cá provar”, explicou José Almerindo Costa, proprietário desde 1999, altura em que o casal decidiu regressar a Sesimbra.
José Almerindo sempre foi um homem de negócios, mas noutras áreas, e desde 2009 é que se dedicou a tempo inteiro à restauração. Além de O Pescador, que conseguiu manter-se uma referência mesmo depois de ‘perder’ os americanos da Base das Lajes, localizada no concelho da Praia da Vitória, abriu um espaço com comida americana (como donuts, snacks e galinha frita) chamado Make me Nuts e gere os espaços de restauração do aeroporto local. “Restauração era o que eu gostava e sempre tive o dom de cozinhar”, disse, ainda que não seja ele a comandar a cozinha dos diferentes espaços, até porque isso seria fisicamente impossível.
Certo é que O Pescador – restaurante, garrafeira e mercado de peixe – é certificado pela Marca Açores e tem certificado de excelência TripAdvisor. A ementa, já sabemos, “não se pode mexer em 80 por cento dos casos”, sobremesas incluídas. “Temos algumas sobremesas regionais que vamos fazendo conforme a época e existem três clássicos da casa, que existem desde o início: doce da casa (pudim com nata e amêndoa), pudim da casa (creme de chocolate com bolacha) e o pudim de maracujá (gelatina com maracujá, que é um fruto que há produção nas nossas ilhas)”, descreveu.
A garrafeira é impressionante, com “750 referências de vinhos regionais e nacionais”. Existe uma sala que é uma adega, onde se podem provar vinhos “com o prato do dia, mas mais no verão), e há ainda uma adega climatizada. Igualmente na época alta, o peixe é recebido no ‘mercado’ do restaurante, até porque ainda estamos a falar de um serviço muito sazonal.”
Depois dos americanos da base militar (que ‘obrigavam’, por questões de segurança, ao fecho do espaço só para um casal jantar, por exemplo), o cliente local tem sido o mais fiel, com uma crescente procura do continental e do canadiano e americano, sem qualquer ligação à ilha. As paredes estão repletas de fotografias, “desde políticos, gentes do espetáculo, da cultura, jornalistas, historiadores e embaixadores de várias nações. O D. Ximenes Belo, o Eusébio, o Mário Soares, muitos generais e secretários de defesa americanos estiveram cá”. Muitos continuam a voltar, até porque segundo anuncia a publicidade comemorativa dos 30 anos da casa com o ator e apresentador Fernando Mendes (amigo de longa data de José Almerindo Costa), só O Pescador tem o peixe certo.