A atriz e encenadora Fernanda Lapa morreu hoje, aos 77 anos, em Cascais, onde estava hospitalizada, anunciou hoje a Escola de Mulheres, companhia que dirigiu desde a sua fundação, em 1995.
A atriz, encenadora e professora Fernanda Lapa, figura marcante da representação em Portugal para quem o teatro deve para criar beleza, provocar o público e fazer perguntas sem dar respostas, morreu esta quinta-feira em Cascais, onde estava hospitalizada, anunciou a companhia de teatro Escola de Mulheres. Tinha 77 anos. “É com profundo pesar e imensa tristeza que a Escola de Mulheres comunica a morte de Fernanda Lapa, diretora artística desta companhia desde a sua fundação, em 1995”, escreveu a companhia num comunicado à imprensa.
Várias vezes premiada, Fernanda Lapa coordenou as comemorações do centenário de Bernardo Santareno, que se assinala este ano, de quem a Escola de Mulheres vai levar ao palco, em novembro, a obra “O Punho”, com versão cénica da atriz e encenadora
António Costa recorreu ao Twitter para homenagear a atriz.
Fernanda Lapa foi sempre uma grande lutadora, que respirou Liberdade, Teatro e Cultura a vida inteira. Nunca calou a voz para defender o papel das mulheres, contra preconceitos e estereótipos. Vamos sentir a sua falta.
— António Costa (@antoniocostapm) August 6, 2020
Autora da mensagem do Dia Mundial do Teatro deste ano, a convite da Sociedade Portuguesa de Autores, Lapa defendeu que se exija um plano de desenvolvimento teatral com futuro e que se aposte na força do teatro para as transformações que a atualidade exige.
“Viva o teatro, os seus agentes e o seu público“, escreveu a atriz, encenadora e diretora da Escola de Mulheres, num texto em que explicava por que motivo se escolhe ser dramaturgo.
Fernanda Lapa venceu o prémio Sete de Ouro para a melhor encenação em 1992 e Prémio da Crítica para a Encenação em 1992 com “Medeia é Bom Rapaz”, tendo ainda recebido o prémio especial Procópio em 1999 e o Globo de Ouro para melhor espetáculo por “A Mais Velha Profissão”, em 2005.
A atriz, que para além do teatro também trabalhou na televisão e no cinema, recebeu ainda a Medalha de Mérito Cultural em 2005.
Foi, até 2012, professora catedrática convidada, e directora do departamento de artes cénicas da Universidade de Évora, para além de leccionar na escola profissional de Cascais e na Universidade intergeracional. O seu último grande projecto foi a organização do centenário de Bernardo Santareno, que deveria decorrer ao longo deste ano mas cujo programa acabou por ser interrompido pela pandemia. Insatisfeita com o quase esquecimento a que foi votada a obra de um dramaturgo que, mais do que um escritor que admirava, fora também um amigo, a quem devia o apoio para as primeiras incursões em palco, a actriz mobilizou o meio teatral e académico para garantir uma celebração à altura da sua obra.
Em maio, numa entrevista ao Expresso, Fernanda Lapa surgiu como lutadora da classe artística. “Há a ideia que nos lamentamos. Que somos subsídio dependentes. Mas quem acha isso está perfeitamente fora da realidade e normalmente é dito por pessoas que vivem muito bem e que têm ordenados fixos e 13ª e 14º mês. Isto de nos lamentarmos muito…é o direito a reivindicar, o direito à dignidade e à cultura para todos. E para que haja cultura e artes não podem desaparecer os artistas. Aliás, este país não é para artistas, nem para velhos, nem para novos. Neste momento estão a saltar cá para fora todas as fragilidades que ao longo dos anos este país tem escondido.”
O corpo estará em câmara ardente, esta sexta-feira, 7 de Agosto, a partir das 18H, na Escola de Mulheres (Clube Estefânia) na Rua Alexandre Braga, nº 24 A em Lisboa. As exéquias fúnebres terão o seu início, sábado, 8 de Agosto pelas 16H30, para o crematório no Centro Funerário de Cascais, em Alcabideche. A Família agradece, a quem queira oferecer flores que o valor das mesmas seja dado como donativo à família do actor Bruno Candé Marques para o IBAN PT50 0035 0936 00042511500 87 da CGD.