Nunca assistimos a tantos movimentos de reconhecimento e de agradecimento aos profissionais de saúde e em particular aos enfermeiros. Muitos reconhecem hoje, a excelência e a essencialidade dos enfermeiros como pilares dos sistemas de saúde. Coincidentemente, este reconhecimento social acontece quando nos confrontamos com a disseminação da pandemia da COVID-19 e quando a Organização Mundial de Saúde nomeou 2020 como o Ano Internacional do Enfermeiro. Importa agora que este reconhecimento social tenha expressão entre os decisores políticos globais e nacionais.
É na adversidade que se vê a nossa perseverança e a resiliência. E é isso a que temos assistido diariamente em cada unidade de saúde, o papel, dedicação, competência e profissionalismo de todos os enfermeiros.
Ainda que sendo o maior grupo profissional do sector da saúde, em Portugal, não é dada a devida importância e reconhecimento aos enfermeiros. Hoje, mais do que nunca, isso tem de mudar.
A liderança em Enfermagem é cada vez mais importante e incontornável. Em vez de esquecidos e não mencionados, se há algo que esta crise veio lembrar a todos é a consciencialização da importância daqueles que, diariamente, trabalham em prol da saúde de todos, seja em funções hospitalares, de cuidados de saúde primários, de cuidados continuados, cuidados domiciliários, em lares, em funções de gestão, de docência ou de investigação.
A pandemia revelou claramente a fragilidade das vidas que conduzimos até este ponto e a ligação íntima entre a nossa saúde e a nossa riqueza e bem-estar. Demonstrou igualmente a fraqueza de muitos sistemas de saúde em todo o mundo, produto do desfasamento entre a realidade das necessidades em saúde e as políticas de recursos adotadas nas ultimas décadas. É urgente que os governos tomem medidas fundamentais para fazer face ao actual de
contratação de enfermeiros.
É indispensável acautelar investimentos sustentados em Enfermagem, como pedra basilar da prestação de cuidados de saúde às populações. 2020 é um ano marcante para a Enfermagem no seu todo. É fundamental que governos e decisores políticos ouçam a experiência adquirida pela Enfermagem, não só na prática profissional, mas também na academia e a integrem na definição das políticas de saúde que queremos e necessitamos para um século XXI que se perspetiva de maior exigência e rapidez nas respostas por parte dos serviços de saúde.
É por isso que devemos todos, não só enquanto profissionais de saúde, mas enquanto membros da comunidade no seu todo, encorajar os governos a investir nesta nobre profissão, dando o devido reconhecimento pela missão desempenhada pelos enfermeiros.