A Associação Portuguesa dos Criadores de Bovinos de Raça Minhota (APACRA) foi fundada em Ponte de Lima a 11 de junho de 1996 por 12 criadores preocupados com o perigo de extinção do património genético da raça Minhota. Em 1997 foi-lhe entregue, por delegação da Direção-Geral de Veterinária, a gestão do Registo Zootécnico/Livro Genealógico da raça Minhota. Em 2013 foi criada uma certificação para a carne de vaca minhota, sete anos depois, querem conquistar uma Denominação de Origem Protegida (DOP) para este produto nacional.
Em 2002 a União Europeia reconheceu o perigo de extinção desta raça, sendo dadas ajudas financeiras aos criadores que assumam o compromisso de criar a raça Minhota em linha pura. Criadores esses em geral envelhecidos e com grau de formação reduzido. Em 2020 mantém-se este perfil?
O perfil tem-se alterado ligeiramente. Atualmente temos presenciado uma redução no número de criadores, no entanto, o efetivo total não tem refletido essa redução, pois cada vez mais têm surgido jovens agricultores, muitas vezes provenientes de outros setores (como por exemplo a produção de leite), apoiados em projetos de investimento, com estábulos maiores e melhores condições, que têm absorvido os animais provenientes das pequenas explorações que entretanto vão cessando atividade.
A raça Minhota tem tripla utilização: carne, laticínios e trabalho. Como descreve o tipo de produtos que origina? O que a diferencia de outras raças bovinas?
Logo na sua tripla aptidão temos um fator diferenciador, sendo a única raça autóctone com essa característica. Além disso, e provavelmente a diferença mais importante, estamos perante uma raça autóctone portuguesa capaz de competir em termos de crescimento com as raças exóticas (como as raças limousine ou charolesa). E se em termos de crescimento está em patamar de igualdade com essas raças, quando falamos em termos de caraterísticas organoléticas, não temos dúvidas que lhes é muito superior.
Foram precisos muitos anos de persistência por parte da APACRA e da AGROMINHOTA (Agrupamento de Produtores de Carne, Leite e Queijo de Raça Minhota) para a obtenção da certificação da carne proveniente de animais da raça “Minhota”. A certificação foi publicada no dia 14 de fevereiro de 2013, com a aprovação da rotulagem facultativa “CM – Carne Minhota”. Agora, a luta destas duas organizações é pela atribuição da designação DOP – Denominação de Origem Protegida. Como está esse processo? O que é que isso significaria para a raça Minhota?
Sem dúvida que foram precisos muitos anos de persistência, algumas ‘batalhas’ perdidas, mas nunca desistimos, e em 2013 conseguimos a primeira grande vitória, a obtenção da certificação por rotulagem facultativa.
No entanto, não quisemos ficar por aqui, e depois de colocar o produto no mercado, de darmos a conhecer ao público em geral a qualidade deste produto de excelência, queremos o reconhecimento do produto CM – Carne Minhota como uma DOP.
Assim, e neste momento, já deu entrada novo pedido nas autoridades competentes, estando o AGROMINHOTA a aguardar o parecer.
Significaria o coroar de um longo caminho, e o reconhecimento merecido para a raça e para os criadores que dia após dia, com todas as incertezas e dificuldades, tem continuado a produzir, a melhorar e a colocar à disposição de todo o mundo, o que de melhor temos no nosso país.