Numa altura em que todos os esforços estão centrados na pandemia do novo coronavírus, Vítor Veloso, presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro, alerta para a importância de se tomarem medidas de prevenção contra o cancro e que os tratamentos de doentes oncológicos normalizem.
Numa altura em que os esforços estão centrados no combate à pandemia, onde ficam os IPO’s e qual a situação dos doentes oncológicos?
Os IPO’s ficaram confinados ao tratamento dos doentes oncológicos não Covid. A pandemia trouxe muito menos doentes referenciados aos IPO’s razão pela qual, neste momento, alguns deles, na maioria das patologias, não tem lista de espera.
Como é evidente, esta aparente acalmia vai transformar-se num fluxo crescente de doentes quando esta situação tiver terminada – reactivação do rastreio de cancro da mama, reinicio da referenciação por parte dos Médicos de Família e aparecimento de casos de cancro muito mais avançados.
Têm-se registado ainda atrasos nos rastreios e nas cirurgias. Como ultrapassar este problema? O que representarão no futuro?
Há em muitos Hospitais que tratam doentes oncológicos grandes atrasos pelos motivos anteriormente indicados, mas também pelo facto dos doentes oncológicos descurarem a sua situação e terem medo de frequentarem estas instituições. Esta situação podia ter sido evitada se tivesse havido um planeamento anterior devidamente estruturado, o que não aconteceu. Este planeamento poderia e deveria ter sido acautelado.
Nos próximos anos vamos assistir a um aumento de incidência de cancro, de mortalidade e de uma sobrevivência sem qualidade de vida. Os ganhos em saúde respeitante aos doentes oncológicos foram perdidos!
A Liga Portuguesa Contra o Cancro nos cumprimentos da sua missão e objetivos, desenvolve um conjunto de projetos no âmbito do apoio social ao doente oncológico e família. Que projetos destaca? A procura por estes apoios aumentou com a pandemia?
A Liga Portuguesa Contra o Cancro procurou adaptar-se o melhor possível, no sentido de conceber projectos que continuassem a apoiar os Doentes Oncológico e familiares, bem como os profissionais de saúde. Destacamos:
- A Liga Portuguesa Contra o Cancro – Núcleo Regional do Norte (LPCC-NRN) foi das primeiras instituições a pensar nas necessidades dos doentes oncológicos durante a pandemia do COVID-19 ao criar uma linha telefónica gratuita – a Linha de Apoio Oncológico COVID-19 (800 919 232) – que tornou possível ajudar milhares de doentes oncológicos residentes na região Norte do país, nomeadamente ao nível de
- apoio social e económico,
- entrega de refeições
- entrega de medicamentos,
- apoio psicológico
- apoio jurídico.
- A Linha de Apoio Oncológico COVID-19, mantém-se activa até o normal funcionamento dos serviços de saúde para os doentes oncológicos estarem assegurados.
- Os doentes oncológicos residentes na região Norte do país durante este período podem ligar para o número 800 919 232 (das 8h30 às 17h30, de 2ª a 6ª feira – chamadas gratuitas).
- Realização de diversos Webinars sobre cancro e outras temáticas ligadas ao Covid19, bem como à doença oncológica
A Liga Portuguesa Contra o Cancro Portuguesa Contra o Cancro tem lutado por reduzir a parte burocrática para a obtenção do Atestado Médico de Incapacidade Multiuso. Qual a solução para que estes processos sejam mais céleres?
A Liga Portuguesa Contra o Cancro tem tentado, desde há vários anos, que o Atestado Multiusos seja passado pela Instituição onde o Doente é tratado ou até pelo seu Médico responsável. Considera-se que uma Junta Médica para atestar uma situação que se baseia unicamente num documento da instituição ou de um Médico é completamente desnecessária e descabida, e, embora a parte burocrática estatal concorde, nenhuma norma, despacho ou lei saiu nesse sentido.