Com berço em Amares e voltada para o mundo, a SYO despontou de um sonho, mas cresce com uma perspetiva infinita bem real: “arranquei com absolutamente nada, apenas a ambição e o querer. Somente com uma ideia, com muita vontade de trabalhar, com o lançamento de um logótipo e de uma coleção”, explica a designer. Tudo começou em 2005 com o desafio lançado pelo Centro Português de Design. Sylvie, licenciada em Design de Equipamento, com mestrado em Artes Visuais, encontrava-se então em Paris, em Erasmus, com um projeto de vida que não incluía o regresso a Portugal.
Depressa o destino deu-lhe a volta e a amarense retorna para iniciar o estágio no CEARTE – Centro de Formação profissional para o Artesanato e Património, em Coimbra, onde esteve um ano. E foi aí que, integrada no projeto internacional Avant Craft, desenvolve a primeira coleção, que deu origem à distinguida peça Atlântica. “Éramos quatro países (Portugal, Espanha, Irlanda e França) que tinham um mar em comum: o Atlântico. E cada país tinha que desenvolver a identidade atlântica num produto. No meu caso, logo aí, tive a tendência para ir para a área da joalharia. Criei a escrava Atlântica”, explica. Foi na complexa fase da execução da peça em filigrana que a artista, ocasionalmente, apresentou o projeto a um artesão que se mostrou muito recetivo e curioso sobre a sua primeira criação, adivinhando já uma estética e personalidade que a marca manteria até aos dias de hoje.
A semente estava lançada. E nem mesmo a estabilidade da vida docente, enquanto professora de Educação Visual a fez abandonar o fruto que crescia intrinsecamente alimentando o sonho. Paralelamente, a ideia da criação da empresa foi sendo moldada e, em 2012, sete anos depois da primeira experiência com a filigrana, decide criar a marca. Nascia assim a primeira coleção da SYO – “Descobrimentos”. “Foi uma coleção muito feliz, porque tive a sorte de a mostrar à Carminho. Ela veio atuar ao teatro Circo, em Braga, nessa altura e eu consegui falar com ela, mostrando-lhe a coleção com vontade e arrojo”, recorda Sylvie.
A fadista, de imediato, identifica-se com a identidade da marca, reconhecendo a qualidade das peças, torna-se embaixadora da SYO. Coleções de joias (anéis, pulseiras, colares, pendentes) começam a ser criadas inspiradas no património, cultura e tradições portuguesas: Descobrimentos, Jardins Portugueses, Renda, Xaile, Fado e caracol (inspirada na icónica escadaria da livraria Lello) são apenas algumas das designações das coleções intemporais inspiradas na reminiscência da história lusitana e trabalhadas através de um processo secular – a filigrana. “Quando me apaixonei pela filigrana, a técnica estava em desuso. Além disso, era um trabalho caro e moroso”, explica Sylvie que não desmotivou e, embora não em exclusividade, continuou a cimentar o trabalho na base deste processo 100% artesanal, autêntico e certificado. “Há algo de realmente especial na filigrana. Primeiro, por toda a complexidade das várias etapas pelo qual o metal preciso passa e também pela possibilidade infinita de desenhos que se consegue fazer com aquele fio extremamente fino, extremamente delicado. É criar no vazio. Há um potencial enorme. Não há limites para criar.”