Para se chegar ao ‘A Gralha’, em Alvados, no concelho de Porto De Mós, é preciso subir ao cimo da montanha, pelo mesmo caminho que é feito para visitar as grutas de Santo António. Longe vão os tempos em que naquelas grutas se faziam filas e em que o turismo despertava quase de forma natural e fazia assim multiplicar os clientes do ‘A Gralha’.
Quem já visitou as grutas de Santo António certamente se lembrará do restaurante ‘A Gralha’. A história deste espaço é intrínseca à das grutas de Santo António. O nome do restaurante advém da ave (gralha) que, quando perseguida, fez revelar as grutas. Ali localizado desde 1973, é hoje uma das principais referências da Serra de Aire e Candeeiros.
Pode-se dizer que o ‘A Gralha’ é uma autêntica montra das tradições gastronómicas ribatejanas, mas não só. Gilda Ferreira, a atual proprietária, herdou o legado deixado pelos seus pais e prosseguiu trazendo, a cada ano, algo novo, mas sem nunca descurar da identidade da casa. Apaixonada pelas tradições ribatejanas e pelo seu trabalho conhece o negócio como ninguém. “Desde os 6 anos que este espaço é também a minha casa, cresci aqui. Por isso conheço todos os processos, da logística até aos segredos da cozinha. Faço de tudo e estou dentro de todo o tipo de trabalho”, contou Gilda Ferreira a forma natural como gere o ‘A Gralha’.
Cada refeição no restaurante ‘A Gralha’ é diferente. Cada refeição é melhor, de um mês para o outro, cada uma é mais afinada, sempre com a preocupação de Gilda Ferreira vir saber da satisfação, seja do amigo de longa data que regressou ao restaurante, seja ao desconhecido que ali se sentou pela primeira vez.
O espaço é sinónimo da imponência e de toda a identidade do restaurante. No exterior existe um jardim bastante lírico detalhado no ordenamento da flora e decorado com algumas estátuas. Há batizados e casamentos que ali são realizados e, por isso mesmo, Gilda Ferreira sublinha a importância de “ter um espaço para agradar este género de eventos, além disso se houver fotos bonitas de um local, as pessoas vão registar e lembrar. É uma forma de marketing também”. E de facto denota-se todos os detalhes. “Nos casamentos e batizados, podem optar por fazer toda a cerimónia aqui, estamos preparados para isso, e já o fizemos por várias vezes. E mediante as preferências do cliente somos capazes de personalizar a decoração”, prosseguiu a proprietária do ‘A Gralha’.
Já no interior o aprumo dos detalhes mantém-se. Na entrada existe uma réplica daquilo que se pode presenciar dentro das grutas e é de facto algo imponente. Para além do restaurante existe também um bar de apoio, “serve para servir lanches e outras refeições, principalmente para quem vem de passagem num passeio e numa visita às grutas e quer ficar mais um pouco para desfrutar desta paisagem magnífica”, referiu Gilda Ferreira.
Já o espaço de restaurante é bastante amplo. O espaço tem capacidade para servir mais de 700 pessoas e aos fins-de- semana são cerca de 1000 pessoas que ali são servidas. Número que comprova a qualidade servida no ‘Gralha’.
De volta à mesa e aos sabores. Na carta destaca-se o bacalhau à Gralha, o naco na pedra, o bife de touro à portuguesa, o cozido à portuguesa e, claro, o cabrito assado no forno, um dos ex-líbris da carta e um dos pratos principais no início da casa. Algumas destas receitas prevalecem desde a génese do restaurante, não descurando os paladares que criaram a identidade do ‘A Gralha’. Gilda Ferreira assume no entanto que vai inserindo sempre pratos novos na carta da casa, mas sempre com pequenos toques da casa.
Também nos vinhos, o Ribatejo é servido à mesa. Há destaque para os vinhos da região mas o cardápio inclui um roteiro de norte a sul de Portugal. Para adoçar a boca evidencia-se os coscorões, o arroz doce e vários géneros de pudins, numa vasta lista que inclui também sobremesas conventuais.
Todos os bons paladares tornam-se numa experiência única quando aliados a um serviço exímio e cuidado. Para Gilda Ferreira isso é algo obrigatório: “uma boa serventia é a nossa melhor comunicação. Aprendemos a lidar com todo o tipo de pessoas, cada qual tem a sua forma de estar e de apreciar a sua refeição e cabe a nós tentar que ele saia satisfeito indo de encontro daquilo que o cliente pretende”.
Hoje a ‘A Gralha’ é um dos principais chamariz da região e, apesar de se situarem bem próximos das grutas de Santo António, foi o restaurante que acabou por se tornar num ponto turístico, pela paisagem, pela gastronomia e por toda a experiência que proporciona. No entanto, Gilda Ferreira não esquece as grutas, bem ali ao lado: “Queremos ser também promotores da região. Digo a brincar que as grutas são também minhas até porque cresci a brincar por ali. Por isso tentei fazer algo para contrariar a decadência das grutas. Nesse sentido, por cada refeição oferecemos um voucher de desconto para a entrada nas grutas de Santo António”.
Bem próximo das grutas de Santo António há um restaurante que é uma autêntica montra dos sabores ribatejanos. No “A Gralha”, as tradições são servidas como antigamente, com pequenos apontamentos contemporâneos.