Empresa de materiais de construção e decoração nasceu em Almancil há quatro anos. Marco Libânio, gestor de formação, conseguiu torná-la uma referência numa zona geográfica onde a concorrência e exigência dominam.
Conhece a marca norte-americana Graff? Ou a italiana Orsoni? Se conhece ou viu alguns dos seus produtos em casas no Algarve é porque, muito provavelmente, essas decorações foram feitas pela ArteKasa. A empresa de materiais de construção e decoração, sediada em Almancil, é reconhecida por isso mesmo: por dar artigos e acessórios que quase não se encontram no país. Tudo graças a Marco Libânio.
Licenciado em Gestão de Empresas, o gestor abraçou a área da construção e decoração de interiores por acaso. Estávamos no início do novo milénio, altura em que Marco se viu desempregado na sequência do fecho da TV Cabo, onde trabalhou três anos na secção da contabilidade. “Surgiram contactos e numa das entrevistas que fui fazer, fiquei logo”, contou à IN Corporate Magazine.
Ficou nessa empresa, de Loulé, que vende decoração para a casa, até 2015. A 1 de agosto desse ano, arriscou por conta própria. “Fiz uma formação de apoio à criação de empresas e telefonou-me um fornecedor, de quem tinha ficado amigo, a dar-me apoio. Disse que arranjávamos uma loja e começámos a trabalhar”.
Marco Libânio investiu todo o dinheiro do fundo de desemprego para criar o seu negócio pois, apesar da sua área inicial não ser a venda de materiais de construção, tinha já o know-how e as ideias. Resultado? Em 2017, a ArteKasa já estava a crescer cerca de 40 por cento e em 2018 foi a mesma percentagem.
O sucesso tem uma explicação clara. “Distingo-me no serviço”, explicou, acrescentando que “Loulé deve ser o concelho do país onde há mais casas para materiais de construção”, daí a sua necessidade em se destacar num meio tão competitivo e em constante crescimento ao longo dos últimos anos.
A ArteKasa é “dedicada a acabamentos para a casa toda: azulejos para cozinha, chão, terraços, torneiras para a cozinha”. O seu público-alvo é o consumidor final do segmento médio-alto, mas isso não invalida que não tenha “azulejos de 8 ou 10 euros”, se for essa a vontade. “O cliente prefere o produto em si. Quando estamos a falar de médio-alto, claro que há sempre uma linha. O cliente está a pensar gastar 30 ou 40 euros o metro. Portanto ele tenta-se situar naquela linha. Mas se tiver uma coisa que gosta a 50 euros, compra”, explicou.
Por estar no Algarve, é natural que a empresa sirva, maioritariamente, o público estrangeiro, com destaque para nacionalidades inglesa, francesa e russa. Também por isso a exigência é maior. “Loulé é uma zona com muitas casas, onde vai havendo muita remodelação e é uma zona turística em que as casas têm de estar sempre em condições. Em cinco anos, as pessoas têm de mudar as coisas e de se irem atualizando, há gente com mais poder de compra e os alugueres também são mais caros. Você vai passar férias e se pagar 500 euros, tem um apartamento normal. Mas se pagar 3500 numa semana, você já quer uma coisa com outro aspeto, mais moderno e atualizado. Isso faz com que as pessoas estejam sempre a mudar”, elucidou o fundador da ArteKasa.
A mudança que a empresa de Marco oferece aos clientes é especializada e requintada, graças às 20 marcas nacionais e internacionais “pouco divulgadas no Algarve” e com as quais trabalha. “A Graff [fabricante de acessórios de vanguarda para casa-de-banho e cozinha] é uma marca que não encontra, se calhar, em mais lado nenhum. Não é barata, mas é para quem tem dinheiro e quer algo diferente. Tento ter coisas diferentes para atrair. Não quer dizer que isso vá vender. Se calhar no final a pessoa acaba por levar uma torneira normal, mas o que marca e fica na cabeça da pessoa é isso de termos coisas diferentes”, reconheceu.
Além da Graff e da Orsoni – que utiliza as mesmas técnicas desde 1888 para produzir mosaicos em folha de ouro 24 quilates, ouro colorido e esmalte veneziano em mais de 3500 cores -, a ArteKasa também trabalha com produtos da bracarense ASM Taps, que tem coleções de torneiras inspiradas na natureza, design, arquitetura e moda, e da Hansa, sediada na Maia e com designs premiados no que aos acessórios de WC e cozinha dizem respeito.
“Se trabalhar com as mesmas marcas, sou igual aos outros 20/25 daqui da zona, não me distingo e vou ter os mesmos problemas de preços, de entregas. Tento ter coisas diferentes, dar um serviço e não falhar. Dar os orçamentos a horas, entregar as coisas a horas e ter marcas diferentes da concorrência”, resumiu.
O futuro, segundo Marco Libânio, passa por “tentar crescer, continuar, solidificar, enraizar a marca através de publicidade nas redes sociais e servir bem os clientes para conseguirmos ir caminhando”.