Altamente endividada, a CP recebeu do Estado cerca de 17 reforços de capital nos últimos três anos, para abate de divida a privados e ao próprio Estado. Nem todos os reforços foram em dinheiro, no entanto o valor o valor de investimento do Estado chegou aos 1.800 milhões de euros.
Esta semana foi anunciado um investimento de 500 mil euros na CP, de forma a empresa proceder ao reembolso de obrigações que venciam este mês. Desta forma, o objetivo desta nova operação prende-se com a necessidade de limpar prejuízo acumulado em anos de défices financeiros e melhorar o capital próprio desta empresa que atua no setor ferroviário.
Ao longo dos anos o Estado tem feito numerosos esforços de forma a reforçar o capital da CP, que encontra-se há anos em falência técnica, com um capital negativo superior a 2 mil milhões de euros. A falta de capacidade para gerar riqueza, não tem permitido sequer abater a divida e os encargos financeiros da empresa, embora segundo o Observador, a divida da CP caiu em 40% nos últimos quatro anos, mais concretamente de 3,5 mil milhões de euros para os já referidos 2 mil milhões de euros.
A mesma fonte aponta para 17 reforços de capital por parte do Estado, nem todos em dinheiro, mas que resultam num investimento de 1 800 milhões de euros. Deste valor, cerca de 900 milhões de euros foram investidos em numerário, com entrada direta de capital na CP, enquanto o resto do investimento foi feito através de da conversão de créditos em capital social. Pode-se concluir que o dinheiro que entrou nos cofres ao longo destes anos, voltou a sair, uma vez que apenas serviu para pagar parte da enorme divida da CP.
Uma divida que vem detrás
O Observador faz ainda referência à origem da divida histórica da CP. Uma boa parte dos investimentos da CP foram aplicados já depois da criação da Refer – Rede Ferroviária Nacional, em compra e reabilitação de comboios, um investimento que aconteceu sem recursos do Estado e serviu para alargar o endividamento da empresa, que já absorvia dividas desde os tempos da CP Carga, uma empresa entretanto vendida mas cujo prejuízo ficou associado à CP.
Como não é uma empresa contratualizada com o Estado, a CP continua a ter necessidade de financiar sucessivos défices operacionais, uma vez que não tem um contrato que remunere a empresa derivada das operações enquadradas no serviço público, alargando ainda mais a sua divida.