Aos 44 anos um cancro da mama virou-lhe a vida do avesso. Nucha descobriu a doença em 2010 e, em menos de um ano, venceu a batalha. Sem baixar as suas forças, foi à luta com todas as suas energias. Sem deixar de combater a doença. A vida deu-lhe oportunidade de fechar um primeiro volume da sua vida, para abrir um segundo, no qual há páginas para outro tanto. Hoje, quase 10 anos depois, Nucha partilha o seu testemunho.
“Em maio de 2010 tudo parecia normal até sentir algo diferente ao apalpar o meu peito! Era algo que não pertencia ali e até doía. Ao achar estranho resolvi marcar logo consulta e uns dias depois fiz logo uma mamografia e ecografia mamária!
Ao analisarem, viram uma espécie de massinha que poderia não ser nada, mas, no entanto, pediram para fazer uma biópsia!
E assim foi…
Dias depois recebia por email o resultado inesperado… carcinoma! Palavra na altura desconhecida para mim, mas imponente ao ponto de perceber que era o que nós chamamos de cancro!
Claro que foi um choque…
Mas ao olhar ao meu redor e ver o pânico da minha família, uma força inexplicável apoderou-se de mim! Não chorei! Pelo contrário, ri, talvez de nervos, ainda hoje não sei bem.
Fiz a minha tour toda em silêncio com a operação marcada para dia 6 de setembro de 2010! Na véspera estava em Vale de Cavalos em espetáculo. Saí quase diretamente para o IPO de Lisboa para a operação.
Única vez que chorei…
Estava a entrar para a sala de operações e a minha filha agarra-se a mim a chorar, não me consegui conter.
Foi a única vez que ambas chorámos!
Um mês depois comecei os tratamentos. Seis quimioterapias espaçadas de três em tês semanas e 36 sessões de radioterapia!
Sobre a quimioterapia posso dizer que foi o mais marcante…
Senti-me a morrer para viver, mas sempre com aquela força que falei no início – até hoje não sei de onde veio!
Ficar sem cabelo para a maioria das Mulheres é a tragédia, somos todas diferentes…
Para mim foi o mal menor e assumi a minha carequinha com muito orgulho. Usar um lenço para mim era como se tivesse um rótulo na testa a dizer: CANCRO!!!
É claro que não somos todas iguais.
Durante os tratamentos temos momentos de ausência e os familiares ficam mais preocupados que nós, sentem-se impotentes para nos ajudar. Lembro-me que só queria estar quieta no meu canto pois sabia que iria passar aqueles atrozes efeitos secundários!
Levei tudo com muito positivismo e acho que foi meio caminho andado para a minha cura.
A radioterapia correu bem e perante o cenário do tratamento anterior, foi “simples”. Já lá vão 10 anos e faço todos os anos mamografias e ecografias e, graças a Deus, está tudo bem!
O que sinto?
Foi-me dada mais uma oportunidade para viver e quero agarrá-la com todas as minhas forças! Para quem era hipocondríaca, cheguei à conclusão que andei uma vida inteira à procura de uma doença.
Então só colhi o que semeei …
Tive a Doença!!!
Nunca desistam e aproveitem a vida, mesmo nos momentos difíceis!! ❤“.
Nucha