Poucos deverão ser os leitores que não se recordam da final da Taça de Portugal de 1999, quando o Beira-Mar atingiu um dos pontos mais altos da sua história, vencendo por 1-0 o Campomaiorense e erguendo o carismático troféu, em pleno Jamor. Quase 21 após o golo de Ricardo Sousa, o Beira-Mar é um clube diferente. Reerguendo-se após uma queda catastrófica em 2015, hoje os aveirenses estão de novo com o clube, que na última época voltou a deixar a cidade orgulhosa e que hoje vinca os seus eixos para colocar o Beira-Mar no seu devido lugar.
Se em 1999 o jovem futebolista Ricardo Sousa era o herói da Taça de Portugal, hoje é o treinador principal do Beira-Mar, clube campeão de Aveiro e que disputa os lugares de acesso ao playoff da Segunda Liga. Se a realidade parece ser altamente contrastante no sentido negativo, a verdade é que hoje, o clube de Aveiro começa a recuperar a mística e alegria que caracterizava os auri- negros e que tão bem se enquadra com a ‘Veneza de Portugal’. Hugo Coelho, presidente do Beira-Mar, concedeu uma entrevista à IN Corporate Magazine para nos falar um pouco sobre a nova realidade e o momento atual do clube.
“O que aconteceu é publico. A gestão da SAD e seus investidores estrangeiros não correu da melhor maneira, em 2015 não conseguimos inscrever a equipa pela SAD na Segunda Liga e no CNS e tivemos de inscrever uma equipa, pelo clube, na última divisão distrital de Aveiro. Esta época estamos de volta aos nacionais e assumimos um projeto com três eixos, para devolver a estabilidade ao Beira-Mar”, explica o presidente. Neste momento o clube está na luta pelos primeiros lugares da tabela do Campeonato de Portugal, grupo C, e o projeto de sustentabilidade estabelecido para o futuro procura garantir saúde financeira e condições não só para o futebol sénior, mas também formação e modalidades.
Dissolver a SAD é um dos primeiros eixos estabelecidos. Os erros do passado devem desaparecer e o clube espera a extinção da SAD, para ser possível desenvolver uma nova entidade, SAD ou SDUC, requisito obrigatório para os campeonatos profissionais. O segundo eixo passa pela construção do novo complexo desportivo, junto ao estádio, que agregará nestes dois espaços toda estrutura do clube. “O nosso clube tem de ter por base a formação, queremos formar atletas e adultos saudáveis, com espírito vencedor. Esta questão neste momento está no tribunal de contas e a arrancar com o concurso público o mais breve possível. O nosso terceiro eixo é a criação de um modelo governativo do clube para o futuro, que já está a ser trabalhado. Sabemos que o sucesso do clube depende sempre da bola entrar ou não na baliza, mas com estes eixos podemos garantir pelo menos a estabilidade do Beira-Mar e sonhar em devolver a instituição ao principal patamar do futebol português, continuando a ser um símbolo de ecletismo no desporto nacional.”