Mesmo ao lado do Mosteiro da vitória dos portugueses sobre os castelhanos nasceu um espaço que divulga o património nacional de outra forma. O restaurante Burro Velho serve comida típica da região aos clientes nacionais e estrangeiros. A premissa é sempre a de servir bem.
Em pleno século XIV, fruto da promessa do rei D. João I caso Portugal vencesse as tropas de Castela na Batalha de Aljubarrota, foi edificado o Mosteiro de Santa Maria da Vitória. Em 2006 foi a vez do restaurante Burro Velho. Situado mesmo ao lado daquele que é mais conhecido por Mosteiro da Batalha, o restaurante não tira partido apenas de uma boa localização. A História também explica muita coisa. “Na década de 50, em frente ao restaurante, existia um ferreiro. E quando vinham à missa, deixavam os burros ali estacionados”, explicou o gerente Bruno Monteiro.
Explicado o nome, o que podemos esperar da cozinha? “Começámos com comida típica portuguesa, virando depois quando veio a notícia que a nossa zona era muito procurada por peixe de mar, descrito como o mais saboroso do mundo. Vou diretamente à lota da Nazaré escolher o peixe”, frisou.
Além do peixe fresco, “continuamos a trabalhar com produtos tradicionais e da região: tachadéu; fritada; morcela de arroz; cabrito de monte (que é pequeno)”. Uma cozinha típica, confecionada por cozinheiros/chefs, apesar de Bruno “saber fazer os pratos todos e de ter ajudado algumas vezes na cozinha”.
Os clientes são, na sua maioria, da região, mas também os há estrangeiros. Estes até lhe ‘valeram’ um prémio na revista britânica ‘Lux Life Magazine’ em 2019 graças ao prato de arroz à casa (de peixe e marisco). “Fomos os únicos daqui da zona a vencer. Foram uns clientes estrangeiros que chegaram cá, pediram uma sugestão, tínhamos recebido peixe da lota e sugerimos. Porque normalmente até é por pedido”.
Aqui há preços para todas as carteiras, até porque “nunca queremos deixar ninguém de fora. A única coisa que eu quero é fazer o meu melhor e satisfazer os meus clientes”, lembrou.
No início eram sete os elementos da equipa. Hoje são 19. O espaço aumentou ao longo dos anos, tendo capacidade atual para 116 pessoas e outras 32 na esplanada. Em 2015, Bruno Monteiro abriu a Real Garrafeira, mesmo ao lado do restaurante, que é uma loja e ‘adega’ própria.
Além da bebida, também tratam de ter os próprios produtos. “Temos o nosso próprio cultivo nas estufas, numa aldeia aqui perto, de onde trazemos grande parte dos nossos produtos e tentamos trabalhar com produtos da época. Com o peixe acontece o mesmo. Com as carnes trabalhamos com raças que vêm de fora e estamos a fazer um teste para começar a trabalhar com uma raça própria açoriana”.
Para quem trabalhava na produção de uma empresa de moldes e decidiu arriscar tudo, pois aos “21/22 anos já sentia que estar dentro de um barracão não era para mim”, só prova de que fibra é feita um habitante da Batalha. “Vimos este espaço. Era um café. Pusemos mãos à obra: martelo, picareta na mão, toca a partir paredes. Trabalhamos no meio de muita dificuldade e dívida, dia e noite. Hoje não era capaz de fazer o mesmo. São as maluqueiras dos 20 anos. Foi com muito esforço, muita luta”, realçou. E de luta em luta tem saído vitorioso da Batalha.