Num especial sobre a arquitetura do vidro, uma conversa com Rui Oliveira Silva, presidente da Associação dos Industriais Transformadores de Vidro Plano de Portugal é perentória! Leia a entrevista e perceba um pouco melhor a realidade do setor.
Qual o papel da AITVPP no setor empresarial do vidro?
A AITVPP, fundada em 1976, tem por finalidade defender os legítimos interesses e direitos das suas empresas associadas e assegurar a sua representação junto de quaisquer entidades públicas ou privadas. Organizar e manter atualizado o cadastro das empresas associadas e mais elementos necessários ao funcionamento da associação, racionalizar e promover o desenvolvimento da atividade do setor no plano nacional e regional, negociar e celebrar convenções coletivas de trabalho e cooperar com as organizações sindicais dos trabalhadores, em ordem à resolução dos problemas do trabalho. Em geral, desempenhar quaisquer outras funções de interesse para os associados permitidos por lei ou que por esta lhe venham a ser reconhecidas.
Que vantagens oferecem aos vossos sócios?
A AITVPP pretende ser uma referência na formação profissional. Estando este setor muito carenciado de mão de obra qualificada, a AITVPP pretende organizar seminários formativos, contando com as principais entidades do setor.
Qual o panorama atual do sector do vidro?
O setor, fruto da recuperação do mercado da construção civil nos últimos anos, está com níveis de trabalho aceitáveis. A aposta das empresas do setor no aumento da capacidade de produção instalada, na inovação dos produtos e tecnologia, fazem com que Portugal consiga ser competitivo em qualquer projeto à escala global.
A internacionalização das empresas portuguesas é um passo obrigatório para se ter sucesso?
Sim. A internacionalização foi um recurso dos anos de crise económica portuguesa, que obrigou as empresas a otimizar processos de forma a serem competitivas. Após a crise, continuamos nesses mercados, pela qualidade de produtos e serviços prestados.
Como é que a crise afetou o setor? Que soluções foram encontradas para ultrapassar essa crise?
A solução, em grande parte das empresas deste setor, como já referido, passou pela internacionalização. Alguns operadores nacionais passaram a exportar diretamente, outros fizeram-no através dos seus clientes de outras áreas.
A crise fez-nos procurar soluções para responder aos problemas que o mercado da construção civil nos criou e, como já mencionado, a procura de novos mercados à escala global, bem como a redimensão das empresas, foram factores críticos para ultrapassar o desiderato.
O ambiente é um tema que continua na ordem do dia. O vidro pode ser uma alternativa ao plástico?
As empresas vidreiras, em termos de economia circular, estão muito atentas ao impacto ambiental dos seus produtos. Nesta perspetiva, a produção de vidro incorpora cerca de 30 por cento de material reciclado. A preocupação com o meio ambiente é algo que na indústria vidreira é uma realidade desde sempre. A separação de resíduos de vidro é feita com efetividade em praticamente todos os intervenientes e dispõe, o setor, de empresas especializadas na recolha e seu tratamento. O vidro, na maior parte das situações, é uma melhor alternativa ao plástico, tanto no aspeto do acondicionamento, bem como, no impacto para o meio ambiente.
Que perspetivas têm para 2020?
Depois de anos de contínuo crescimento no mercado da construção, prevê-se que 2020 seja um ano de alguma contenção. O mercado português continua com perspetivas de crescimento. O mercado europeu, principalmente o francês, dá mostras de algum abrandamento. Temos também os PALOP`s, principalmente Angola, que com a taxação dos produtos vidreiros, vai sofrer um decréscimo das vendas. Estas são as principais razões que nos levam a prever um 2020 com problemas para o nosso setor. No entanto, contamos com a capacidade de resiliência dos nossos associados, para, mais uma vez, se adaptarem às realidades do mercado.